quarta-feira, julho 30, 2003


Shell - A cor amarela da luzinha da reserva já era tão gritante, acusadora mesmo, que não tive outro remédio senão passar a correr na Shell que fica ao pé da rotunda dos Reis de Espanha. A atender estava o brasileiro do costume, normalmente bastante lacónico e rí­spido nos gestos.

Disse-lhe qual era a bomba e que queria um recibo. E, enquanto o tipo efectuava a operação na caixa abstraí­-me a olhar para qualquer coisa. Que já nem lembro o que terá sido. Só regressei ao mundo dos vivos quando me apercebi que ele me tinha dito qualquer coisa que, pura e simplesmente, me escapou:
- Desculpe...? - perguntei acordando do meu sono.

E o tipo repetiu com um sorrisinho nos lábios (aplicar sotaque do Brasiú):
- Pricisa di pancada, esta caixa. É como muler di malandro.
Fiz o meu tradicional sorriso de cortesia e deferência enquanto ele aproveitava para aplicar mais uma caridosa pancadinha, como que a demostrar como se fazia.
Fui-me embora sem ter reunido a coragem para lhe perguntar se era casado.