segunda-feira, maio 31, 2004

Espelho meu – Zidane, Ronaldo, Ronaldinho, Reiziger, Nedved, Henry, Kahn, Davids, Recoba.

Será que ser feio é o preço a pagar para saber dar uns toques na bola?

domingo, maio 30, 2004

Dúvida – Para quando a Serena Williams a competir de igual para igual no ténis mundial masculino?

sábado, maio 29, 2004

Maratona – O Santoro é um tipo que, não sendo propriamente um daqueles grandes craques que limpam os jogos e têm um palmarés extenso, não deixa de ser um tenista que dá gosto ver actuar. Porque é inteligente na forma como aborda os pontos, na estratégia que utiliza. Se a ele juntarmos um Arnaud Clement de estatura igualmente baixa e serviço não muito forte, temos os ingredientes necessários para um encontro que não vai ser marcado por pontos curtos, mas sim longas trocas de bola.

Juntou-se a pólvora ao fogo, a fome à vontade de comer. Santoro poderia ter resolvido o assunto logo no terceiro set, calma e confortavelmente. No entanto, Clement não teve pelos ajustes. Lutou pela recuperação. Forçou o quarto e quinto sets. Quando o encontro foi interrompido na segunda-feira ao final da tarde, já tinha ultrapassado a barreira mítica das 5h31, o anterior recorde absoluto atingido também em Roland Garros, num épico entre Gumi e Corretja, que nesse ano perdeu para Moya a primeira das suas três finais como derrotado.

No dia seguinte retomaram aos 5-5 do quinto set. E nunca mais desatava. O primeiro ponto para quebra de serviço só surgiu perto do vigésimo quarto jogo. Acabou com os parciais e 16-14 para o veterano Santoro que, no final, trouxe ao de cima a sua classe e experiência.

6h35. Foi a partida mais longa de sempre da história do ténis da era open.

sexta-feira, maio 28, 2004

Censura/Medo – Não é a primeira vez nem será, porventura, a última que Quentin Tarantino surpreende. Os filmes são aglomerados das situações mais estranhas e macabras e dos enredos mais mirabolantes que se possam imaginar. Possivelmente querendo seguir a linha traçada para a sua própria criação, o realizador resolveu deixar marcas na sua passagem pelo júri de Cannes ao contribuir para a atribuição do prémio a Michael Moore com o polémico quanto baste Fahrenheit 9/11.

Sim, aquele que a administração Bush quer, à viva força, bloquear, temendo eventuais maus resultados nas eleições presidenciais que se aproximam. A distribuidora, trocado por miúdos, é a Disney, que declarou achar um erro soltar a fera antes do escrutínio, devido à possibilidade de afectar a intenção de voto dos eleitores. Faz imenso sentido. Depois do facto consumado é que as pessoas devem ser confrontadas com toda a informação possível para tomarem as suas decisões.

Uma argumentação prodigiosa.

quinta-feira, maio 27, 2004

Sargentos – Dos mais conhecidos só mesmo o Cabo da Roca, Rabo da Coca para os amigos, e o Raso, aquele que marca a viragem duma orientação da costa a sul para uma a oeste. As motivações da deslocação estilo vá para fora cá dentro eram, portanto, alargar o espectro de conhecimento geográfico e orográfico.

Ao cabo de alguns quilómetros, aí vem a primeira das novas conquistas. O cabo de Espichel é um tipo que só mesmo o nome engraçado o salva. Dito com um sotaque gingão fica de morte.

Depois veio um espécime tramado. Bonito, por sinal, mas com uma denominação que deixa muito a desejar. Sardão é um nome lixado para um cabo. Aliás, seja para o que for excepto para aquilo que efectivamente é. Mas não é o único. A pouca vergonha segue com outro promontório a que tão alegremente chamam Ponta de Sagres. Sempre podia ser a Ponta de Super Bock, quer dizer… Enfim, não vou discutir…

Perto deste último há ainda mais um que tem uma história engraçada. É o Cabo de São Vicente, onde dizem que ficou o corpo do dito santo até vir de barcaça definitivamente para Lisboa, torneando terreno que era detido por árabes na altura. A embarcação e os corvos que o acompanharam na viagem são os mesmos que se podem ver na bandeira da capital.

Mais cabos só mesmo os dos talheres e os das forças armadas.


quarta-feira, maio 26, 2004

Enforcamento – Diziam eles que um milhar de milhão e duzentos milhões de pessoas assistiriam ao acontecimento. Para uma visualização simplificada:

1.200.000.000

Ou seja, nada mais nada menos do que cerca dum quinto da população mundial. É o mesmo admitir que todos os cidadãos chineses meteram travão na sua azáfama diária e pararam em frente ao televisor a olhar para aquilo. Sem tecer qualquer tipo de comentário acerca da forma (optimista) como são calculados estes valores, enveredo por outro caminho.

O evento deve ter sido a maior fantochada dos últimos tempos. Quando penso em casamentos, penso em algo pessoal, íntimo. Ali, foi tudo filmado ao milímetro. Eu, Filipe das Não-Sei-Quantas aceito-te Letícia para seres minha esposa, beréubéubéu, pardais ao ninho. Pergunta: porque não prosseguir com a devassa pela noite de núpcias adentro? A cifra anterior aumentaria de certeza.

Realmente, é uma maravilha ser rei ou príncipe ou algo que se pareça. Um gajo não pode dar um traque sem lhe filmarem logo o traseiro. Deve ser por isso que eles são da família dos Borbon, ou lá o que é. O refúgio ao álcool deve ser o que os mantém de pé.

Aonde vai isto parar? O que interessa seja o que for o raio da cerimónia senão para os que se casaram e respectiva família? Será que todas as pessoas que perderam uma manhã grudados ao televisor não têm mais nada que fazer? Pão e circo, lá dizia o outro. A RTP, como sempre, em nome do “interesse público” resolveu juntar-se aos operadores privados e limitar ainda mais a já de si escassa escolha de programação diferente.

terça-feira, maio 25, 2004

Partir pedra – Dois comentários, um da Querido e outro do Luís, fizeram-me pôr os neurónios a funcionar a tal ponto que me lembrei de algo que queria fazer já há algum tempo e me tenho esquecido. Aqui estão os calhaus.

segunda-feira, maio 24, 2004



Evasão – A última vez que foram vistos empunhavam gravadores e mini-discs próprios de quem anda nesta vida a fazer um vox populi. Iludiram os agentes de segurança manipulando informação vital e saíram, quer do edifício principal quer do atelier do Campo Santana, de microgaita em riste e cartão de imprensa, prontos a fazer face a qualquer obstáculo.

A última vez que foram vistos vestiam bibes, babetes, fraldas, algálias, sandálias ortopédicas e tinham coletes-de-forças. Dos quais, aliás, ninguém sabe ao certo como se livraram. Presume-se que sejam liderados pelo homem responsável pela redacção de desporto. Atingiu esta posição cimeira devido ao afastamento da peça chave do internacional, mulher assolada por uma fixação nos assuntos iraquianos e israelo-árabes.

A seu cargo está uma horda de bárbaros. Da mulher do norte que trabalhou no Gil Eanes e que tem o Benfica no coração, à mulher do Barreiro e que não é do Barreirense; da mulhegue que intgoduziu a vida e a cogue do samba diguetamente do Bgasil ao tipo que vem de A-dos-Campos (espero que se escreva assim…) e que confessou as jantaradas e a vontade de ficar até mais tarde na pildra. E não são os únicos, há mais, igualmente sui generis.

Não tenham dúvidas. Podem não estar armados senão com material sonoro mas nem por isso deixam de ser perigosos. O seu objectivo é fundar uma publicação de cariz popular e revolucionar o panorama noticioso do país, pondo em xeque o Governo, as instituições, as elites, as figuras públicas e todos os demais alicerces da sociedade civil. Prometem subverter tudo o que mexe e respira.

Se os encontrar (por favor!!!), não me ligue! Até porque não se dá recompensa nenhuma!
Adenóides – Quem é que faz o favor de emprestar um inalador “dasex du dariz” ao Eros Ramazotti…?

Cirurgia…?

domingo, maio 23, 2004

WC – A primeira vez que vi algo semelhante foi na estação de serviço da Feira, à vinda do Porto. Entrei nos lavabos e apeteceu-me rir. O som ambiente era o relato dum jogo da equipa da casa. Os adeptos dos azuis e brancos viravam a cara para colocar as orelhas em melhor posição enquanto manuseavam o instrumento nos urinóis. Surreal.

Este fim-de-semana, a experiência foi diferente. Não havia mais ninguém nos lavabos. Entrei, instalei-me. Só depois parei para tentar decifrar o que ouvia. Nada mais nada menos que as falas do programa de televisão que está a dar nos aparelhos do restaurante.

Estranho fazer o que se tem a fazer com tipos a gritar uns com os outros e aos tiroteios.

sábado, maio 22, 2004

Bem-vindos – Há seis meses atrás escrevia eu coisas do género. Aliás, um pouco mais do que isso porque, por vicissitudes do sistema de Maastricht, o exame que me levou a ultrapassar a barreira do número de créditos mínimo para me licenciar foi em Outubro do ano passado. Talvez por ter partilhado intensamente essa experiência convosco, sinto que volto a vivê-la em colaboração outra vez, mesmo que agora seja a vossa e não a minha.

Já comentei os respectivos textos que abordaram o tema, já disse todos aqueles lugares comuns que, por paradoxal definição, são banais e vazios ao mesmo tempo que significativos e importantes. Novas etapas, desafios, bla bla, ah e tal e o camandro. Resta dizer outro tanto que se me veio a desenhar na cabeça enquanto percorria numa das minhas solidões curativas os cerca de 250km que ligam o Algarve a casa.

Entraste de rajada na McKinsey, Nuno, com uma velocidade que revela o quanto as tuas capacidades analíticas são desejadas por empresas topo dos topos. Partiste atrasado para derrotar o leão (com letra minúscula, claro!) mas rapidamente os conquistaste, Luís, com calma e tranquilidade aquilo ficou no papo. Numa demonstração de amor à primeira vista, o patrão da L’Óreal foi-te buscar literalmente ao anfiteatro, João, evidenciando aquela vontade que mostras que tens em triunfar. No meio disto tudo, num desfecho surpreendente, eu tornei-me um funcionário público do único banco que gosto em Portugal.

Mais do que pretendidos a nível profissional, é um prazer ver quatro amigos obter empregos que desejam com relativa facilidade. Olho para nós e vejo que, não obstante todas as diferenças que nos fazem querer isto ou aquilo, temos uma coisa em comum. Bons profissionais, com qualidades e potencial. Aquele ascendente que nos permite atingir o que queremos e ter sempre tempo para partir para a diversão. Porque não basta ficar à espera, cada um constrói a sua sorte.

Outra palavra muito importante. Para os que ainda vão ficar pelos livros, para os outros que procuram onde bulir ou que, se calhar, já se orientaram e eu é que não estou a par das notícias. Estou a vossa espera! A verdade é que já estava farto de ser o único SôDôTôr. Dá-me sempre aquela ideia de velho, parece que tenho de apadrinhar os outros quando chegam a trilhos que já percorri.

Com tudo isto dito, num dos textos com maior carga de amizade que coloquei on-line, lembro-vos que ainda têm de passar por um calvariozito que se chama exames.

Força nisso. Estou à vossa espera.

terça-feira, maio 18, 2004

Em face dos recentes desenvolvimentos, a existência deste vosso editor de postas de horas vagas tornou-se mais calma, mais pacífica. Pelo menos temporariamente. Então, e que decidiu ele fazer? Bom, a melhor forma de começar é esticar um bocadito as pernas com uma ida para sul, sem um rumo demasiadamente definido. Porque há muito para descobrir. É verdade, sou péssimo no que toca a geografia nacional.

Até lá para sábado (também não está definido)

segunda-feira, maio 17, 2004

Há algum tempo atrás, fui a uma das inúmeras entrevistas de emprego a que nós, jovem licenciados, nos sujeitamos. Durou cerca de uma hora e meia e foi com uma psicóloga que tentou traçar o meu perfil. Para tal, fez perguntas de alguma profundidade, de alguma privacidade mesmo.

Algures no meio do interrogatório, achou que me devia pedir para definir amizade. Agora é que lixaste, pensei eu imediatamente. Mas depois lembrei-me da minha avó que gosta muito de falar e de dizer coisas. Pelo menos uma vez disse-me ela que a amizade se distingue do amor porque o último requer algo em troca, é um sentimento exigente e, por isso, egoísta. Quando fazemos um favor, damos um jeitinho a amigos, a única retribuição imediata que necessitamos é ter uma ideia de que, na situação inversa, a pessoa faria o mesmo por nós.

Ou seja, ser amigo é não ser egocêntrico.

domingo, maio 16, 2004

Pêndulo – Não é sem um sorrisinho mal disfarçado que ouço as tentativas que alguns fazem de me colocar no plano político-ideológico. Acho uma tarefa deveras complicada. Talvez por isso seja interessante, pelo desafio. A verdade em que nem eu próprio sei muito bem onde me insiro. Senão vejamos:

Sou a favor de propinas no ensino público universitário, de portagens na CREL, de medidas de produtividade na Administração Pública. Mas também sou a favor do aborto, de medidas que favoreçam os pobres, idosos e desfavorecidos e contra o apoio dado ao senhor Bush na questão do Iraque. Em que ficamos?

Uns dias à direita, outros à esquerda, depende para que lado da cama acordo.

sábado, maio 15, 2004

Olha quem fala – Nunca digas nunca, não cuspas para o ar que te pode cair em cima, não digas desta água não beberei, não mandes pedras ao ar se tens telhados de vidro.

É verdade, a sabedoria popular já tem idade suficiente para se ter apercebido que as pessoas se revelam nas situações com que se deparam pela vida fora. Por isso, apetrechou-se de adágios como estes supracitados, para prevenir os incautos que certos e determinados comentários jocosos, proferidos em certa e determinada época, podem sair disparadíssimos pela culatra na próxima.

Sim, porque se há efeito do qual essa coisa do amor e dos beijinhos se pode gabar é de produzir, em certos e determinados dos que padecem dessa condição, enormes faltas de concentração, de tal forma que parecem não prestar a mínima atenção àquilo que lhes dizemos, bem como uma excessiva fixação no tema fulcral das suas existências de cada vez que abrem a boca que não seja para meter o escalope em beiças alheias.

Depois há os comportamentos idiossincráticos. O atender de telefone saltitante, inquiridor de local privado e fora de ouvidos aguçados, bem como o “olá” bem articulado e pronunciado que despoleta a conversa; o sorrisinho meio aparvalhado, estilo tenta-te Maria, não caias; os litros de café pela goela abaixo naqueles prédios espelhados ao pé do Rato.

Em suma: é aquele embevecimento que tudo revela, aquela cara que tudo espelha, aqueles olhos que a tudo cintilam. Uma leveza de passarinho que nos avançar com a denominação à altura daquela criatura que, quando de penugem branca, há quem use para simbolizar a paz.

E anda para aí tanta estátua suja… é uma vergonha!

quinta-feira, maio 13, 2004

Infância – Os reencontros costumam ser de natureza e de resultado inesperados. De natureza porque são imprevisíveis, surgem quando menos os esperamos, quando as nossas defesas têm a guarda em baixo e estão mais vulneráveis. De resultado porque, normalmente, ou nos deixam muito contentes ou muito irritados. Encontrar aquela pessoa que não víamos há muito tempo mas que, por acaso, acontece que não suportamos, não nos faz o dia, ao invés, contribui drasticamente para que soltemos um daqueles por que raio saí da cama hoje!

Hoje, resolvi falar de um reencontro que me fez sorrir. Um reencontro muito especial e importante. Platónico, contemplativo, embora tão intrinsecamente físico. Sabe-se lá há quanto tempo não lhe tomava nos meus braços, passava pelas minhas costas e a percorria com os dedos. Duma ponta à outra. Por vezes com delicadeza, com a subtileza que o momento exige; outras, repentino, brusco, respondendo ao pedido rítmico, agressivo, impetuoso.

Naquela hora em que deslizei pelas cordas da minha guitarra que, por culpa duma falta de desejo crónica, esteve a ganhar raízes no suporte durante meses a mais, voltei a sentir aquela fúria. Aquela que também esteve presente no dia em que disse para mim mesmo pela primeira vez que queria segurar num daqueles “bacalhaus” e perceber como funcionavam. Voltei a ser aquele miúdo com um mistério pela frente.

No máximo, e talvez seja este um máximo já de si bastante maximizado, houve cinco minutos em que eu e ela soámos verdadeiramente a música. No meio de inúmeros acordes, sons, notas, poucas são as frases, os pequenos e tão incrivelmente efémeros discursos, que conseguem dizer aquilo que queremos efectivamente dizer.

Por isso valem pelos restantes cinquenta e cinco.

terça-feira, maio 11, 2004

Ironia do destino – Ora, e se em vez de escrever a morada da minha página na janelinha do topo deste software, escrever uma coisa ligeiramente diferente? Aconteceu à Querido quando trocou, por lapso, o “s” pelo “p”.

Vejam só onde ela foi dar

segunda-feira, maio 10, 2004

Pedro Portugal foi um dos nossos mentores, “gurus” na realização dum trabalho que já aqui referi, acerca da adequação do ensino português ao respectivo mercado de trabalho. Foi com grande satisfação que vi o estudo que na altura, em 2002, nos disse que tinha na calha. Comprova o que nos disse na altura e que, por sinal, foi a conclusão a que também chegámos. De uma forma ligeiramente mais humilde, refira-se de passagem.

Aí está a prova de que vale a pena ser licenciado neste país e de que a comunicação social se aproveita de casos que não podem ser generalizados para incutir medos e falsas percepções.
Claro que não podia passar a oportunidade de noticiar esta “bomba”. Estou contente.

Licenciados ganham mais e têm melhores empregos - Um estudo realizado por Pedro Portugal, economista do departamento de estudos económicos do Banco de Portugal, mostra que o investimento em formação escolar superior oferece, no mercado de trabalho português, o acesso a um “benefício monetário (…) excepcionalmente elevado”.

No artigo intitulado “Mitos e Factos sobre o Mercado de Trabalho Português: A Trágica Fortuna dos Licenciados”, o autor conclui que, em média, os licenciados abdicam de 25 mil euros em salários nos anos em que tiram o curso para receber 200 mil euros ao longo da vida profissional a mais que aqueles que se ficam pelo ensino secundário.

O economista baseia-se para os cálculos no Inquérito ao Emprego de 2003, do Instituto Nacional de Estatística que, compara perfis salariais de dois grupos de trabalhadores, um com formação superior e outro com ensino secundário. O inquérito abrange 10 mil pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos e revela que um licenciado ganha, em média, um salário 80,2% superior a um trabalhador com o ensino secundário. Para além das remunerações, os licenciados terão também condições de trabalho mais aprazíveis e maior segurança no emprego.

Com este estudo, Pedro Portugal pretende afastar a ideia generalizada de que há dificuldades de ingresso profissional dos estudantes com habilitações superiores. Segundo o economista, esta percepção equivale a afirmar que o ingresso no mercado de trabalho seria mais fácil com um nível de habilitações inferior. O economista defende medidas que desenvolvam “o acesso a mecanismos de empréstimo directo aos jovens estudantes do ensino superior”. Considera esta intervenção indispensável uma vez que o défice de qualificações em Portugal é responsável por uma quebra de 1,2% no produto interno bruto, de acordo com um trabalho realizado pela OCDE.

Diferenças entre licenciaturas
Neste estudo são contabilizadas as profissões por conta de outrem, ficando de fora quem trabalha por conta própria e para a Administração Pública. Exceptuando Economia/Gestão, Medicina e Direito, as licenciaturas das áreas tecnológicas são as que auferem remunerações mais elevadas, das quais se destacam, entre outras, as Engenharias Electrónica e Telecomunicações, Aeronáutica, Aeroespacial, Mecânica, Electromecânica, Transportes, Naval, química, civil, minas, informática. No fim da escala estão os licenciados em “Marketing” e Publicidade, Artes Decorativas e “Design”, Relações Internacionais, Relações Públicas, Gestão e Planeamento Regional e Urbano, Ensino e Ciências Sociais.”

sábado, maio 08, 2004

Being a host - My afternoon coffee-break-girl-buddies couldn’t have understood that every bit of attention I had left in me after a stressful morning was lodged in my eardrums. Very swiftly, the sound of their voices, the sound coming from the other tables, the cups, the plates, the people standing, it all vanished. I could only listen to the music. “Never Leave You”, Lumidee.

It wasn’t also “Uh-oh” that I was hearing in the refrain. I heard and I saw us with a huge smile, screaming out the name of a Dutch guy with all the air our lungs could store. How did it get started? I can’t remember precisely. A vague idea tells me it all begun in one of the world famous Meta marathons with Nuno, that later became know as the finish-people-night because we managed to put those professors in staring at walls, those standing-still-and-not-having-fun heavy-weights, screaming and jumping all over the place.

Remco is coming to visit us. He sent us a very funny e-mail with his Virgin flight number. He’s not the first one to drop by. But the enthusiasm is as it was the eternal first time. It gets me a bit nostalgic but also very happy.

Reeeeeeemmmccooooooooo
Reeeeeeemmmccooooooooo

sexta-feira, maio 07, 2004

Na sequência do texto de ontem, uma bela nova oriunda da Bella Itália. Interessante e sintomático.

"Presidente da RAI demite-se como forma de protesto - A presidente da Radiotelevisão Pública Italiana (RAI), Lúcia Annunziata, pediu a demissão na terça-feira, dia 4, em sinal de protesto pela “ingerência” do governo de Sílvio Berlusconni. Annunziata afirmou, em conferência de imprensa, que o primeiro-ministro italiano terá feito “nomeações com intervenção no conselho de administração” da RAI.

A presidente da RAI, figura influente nos média italianos, criticava Berlusconni desde que entrou em funções há 14 meses. A 2 de Fevereiro, denunciou que o primeiro-ministro apresentava sugestões aos membros do conselho de administração e criava “um conflito de interesses” uma vez que o chefe de governo é proprietário do grupo Mediaset e controla seis dos sete canais em sinal aberto de Itália.

Em causa, esteve também a lei de reforma do audiovisual (vulgo Lei Gasparri), aprovada pelo parlamento a 23 de Março. O secretário-geral da Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), Paolo Serventi Longhi, declarou que a Lei Gasparri é “uma ameaça real” e que “a autonomia e o futuro da profissão de todos os jornalistas ficará em perigo”. “Esta lei reforça os fortes e debilita os fracos, premeia a televisão do chefe do governo e penaliza a imprensa escrita, coloca a RAI sob o controlo directo do executivo e distribui as receitas do bolo publicitário sobretudo a favor das empresas que são propriedade do primeiro-ministro”, afirma o dirigente sindical.

O secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas, Aidan White, também teceu críticas. White afirmou que “os legisladores italianos reforçaram o mais flagrante abuso dos princípios que garantem a diversidade mediática no mundo ocidental”. A Lei Gasparri confere a Berlusconni a possibilidade de aumentar o seu controlo uma vez que lhe permite adquirir mais jornais e estações de rádio.

O Comité pela Liberdade e o Direito à Informação, uma organização que conta com mais de 60 associações italianas, vai recorrer da Lei Gasparri para o Tribunal Constitucional e para o Tribunal Europeu. Em causa está uma alegada violação do artigo 21º da Carta Constitucional e o desrespeito pelos princípios basilares da União Europeia.

Esta é a segunda demissão dum cargo cimeiro da RAI este ano. A subdirectora de informação, Daniela Tagliafico, demitiu-se a 27 de Janeiro como forma de protesto em relação à maneira como é tratada a informação política na RAI. Tagliafico recebeu uma carta de solidariedade por parte duma parte considerável da redacção da televisão pública."

quinta-feira, maio 06, 2004

Uma coisa diferente, em alguns dias dos que se seguirão, devidamente assinaladas com aspas. Trata-se de notícias que tenho feito no âmbito dum curso de jornalismo. Aqui, publico as que achei mais interessantes.

"Recuos na liberdade de imprensa
Várias instituições, nacionais e internacionais, realçaram as dificuldades da profissão de jornalista e da actividade noticiosa no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, na segunda-feira, dia 3.

O Sindicato dos Jornalistas lembrou os colegas de profissão “que arriscam a integridade física em cenários de conflito e os que neles pereceram”. Considera que é “hora de reflectir” sobre a importância que o jornalismo tem para a democracia e para “uma ordem internacional mais justa”. O sindicato alerta para “a progressiva degradação das condições de exercício da profissão e os recuos da liberdade de informação, que estão na base de limitações sérias à liberdade de imprensa.

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) elaborou uma lista dos dez piores países para se ser jornalista, onde “difundir notícias é um acto de coragem e convicção”. O Iraque ocupa o primeiro lugar da lista com 25 jornalistas mortos desde Março de 2003. Na segunda posição está Cuba, onde 29 jornalistas foram condenados a longas penas de prisão por crimes de traição. Seguem-se o Zimbabué, o Turquemenistão, Bangladesh, China, Eritreia, Haiti, Cisjordânia e a Faixa de Gaza e a Rússia.

Tendo em vista a eliminação dos riscos de que os jornalistas são alvo, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) salienta a necessidade de maior investimento em segurança por parte dos proprietários dos órgãos de comunicação social e mesmo dos jornalistas.

O director-geral da UNESCO, Koïchiro refere aumentos de os ataques a jornalistas e censura a órgãos de comunicação. Saúda os jornalistas pela “procura da verdade e da informação em situações de conflito armado”, expostos “a todo o tipo de perigos” e salienta as violações à liberdade em tempo de paz.

Na origem destas afirmações está um estudo recente da organização americana Freedom House. Pressão política, assédio legal, violência estatal e de actores não estatais contra os jornalistas provocaram uma pioria das condições de liberdade de imprensa em muitos países. O estudo abarca a imprensa e o jornalismo audiovisual e divide os países em três categorias, consoante exista liberdade total, parcial ou não exista de todo.

Portugal foi o 18º país com imprensa mais livre o ano passado, a par de países como a Austrália e as Bahamas. Dez países – Bolívia, Bulgária, Cabo Verde, Gabão, Guatemala, Guiné-Bissau, Itália, Moldávia, Marrocos e Filipinas - regrediram, segundo a Freedom House. O Quénia e a Serra Leoa passaram da terceira para a segunda categoria."

quarta-feira, maio 05, 2004

Condições – A civilização humana denota aversão ao risco e uma preocupação por criar inventos que minimizem a ocorrência de situações que potenciem finais infelizes. Por essa razão, temos, hoje em dia, fruto de aperfeiçoamentos contínuos, airbags, saídas de emergência, telemóveis anti-choque, fusíveis, portas corta-incêndios, anti-derrapantes para banheiras e loiças de casa-de-banho.

Estes são alguns exemplos modestos de inventos que visam criar condições de segurança nos mais variados campos de intervenção da nossa espécie. Ora, num mundo destes, como é possível tolerar sanitas anti-homem, aquelas cujo tampo não se equilibra quando o levantamos?

Isto, meus amigos, é um convite ao despiste e consequente embate desastroso porque assume que todos os elementos do sexo masculino são peritos em malabarismo. Já para não dizer que é altamente sexista. É claro que, depois temos a sinistralidade que temos, não é de estranhar.

Faz-me muita pena. Porque, lá no fundo, todos nós que somos cromossoma X, não pretendemos contribuir para as estatísticas. Há dias, fui testemunha auditiva do desaire dum amigo numa casa de banho em Santos. Volvido mais de um mês, ainda não se refez do choque. É triste.

Ainda dizem que este mundo foi feito à medida dos homens.

terça-feira, maio 04, 2004

Salva II – Agora, em jazz (não podia deixar de ser, as minhas desculpas antecipadas), as mãos chocam umas com as outras sempre que quisermos. À audiência é dada a mesma liberdade que aos músicos. Se o solista acabou de fazer um solo óptimo, então recebe uma salva de palmas no final. Aquelas eram-lhe expressamente dirigidas porque surgiram na sequência daquilo que tocou sozinho.

Ninguém se contém até ao final do tema para depois mandar tudo cá para fora. As exclamações de entusiasmo surgem mesmo dos próprios executantes em cima do palco, manifestando o seu agrado relativamente à intervenção dum deles.

Liberdade, informalismo.

segunda-feira, maio 03, 2004

Salva – É complicado assistir a um concerto de música clássica. Sobretudo se quisermos exercer o nosso direito (ou dever, dependendo da circunstância) de bater palmas. De tal forma é o timing para fazer de foca essencial que podemos avaliar o grau de conhecimento musical duma pessoa pelo momento que escolhe. Nomeadamente, aqueles que batem entre andamentos, antes da peça estar acabada, levam logo com um rótulo de “bimbo” em cima.

O pior é quando os músicos nos enganam e, mesmo tendo procedido à contagem dos “Adágios” e respectivos amigos, nos espetamos ao comprido e fazemos um escarcéu quando está tudo calado. Os tipos dos violinos e bacalhaus da mesma natureza ficam com o semblante carregado. Passamos a ser nós os bimbos.

Conclusão: já só bato palmas quando pelo menos 80% da audiência também o está a fazer e os músicos estão com cara de quem está a gostar.

sábado, maio 01, 2004

Incompreensão – Pelo menos um prémio deve estar garantido. O do maior número de erros crassos num só jogo. Frango de capoeira, auto-golaço (se o Rui Jorge metesse uns daqueles na outra baliza, nem o céu seria o limite) e um penalty falhado. Para além disso, domínio do jogo, umas jogadas giras, bolas ao poste, toques à artista, dois golos bem metidos. E é assim que quase se perde um jogo. Infantilidade, falta de concentração, falta de entrega do corpo ao manifesto, falta de amor à camisola.

Não percebo. Foi mais difícil empatar aquele jogo do que o ter ganho.