quinta-feira, abril 27, 2006

RTP Memória – Your mission, Jim, should you decide to accept it, is to (…). As always, if you or any of your IM team be caught or killed, the Secretary will disavow any knowledge of your actions. This tape will self-destruct in five seconds. Good luck, Jim!

quarta-feira, abril 26, 2006

Não admira - que a questão da imparcialidade surja várias vezes ao longo do filme. O jornalista da CBS que se despede com o “good night and good luck” que se estende ao título, faz questão de vincar, em determinados momentos, que aquela é a sua opinião ou da sua equipa.

A grande questão é a demarcação dos verdadeiros objectivos e natureza do programa. Mas confesso que saí da sala de cinema sem perceber se as águas estavam correctamente demarcadas, se se tratava de um programa de opinião ou simplesmente informativo.

Onde começa e acaba o dever de um jornalista só pode ser delimitado por uma fronteira ténue. Conseguir mover-se ao longo dela sem a cruzar exige uma capacidade de crítica e de análise que nem todos conseguem levar a cabo. Fingir-se apático é difícil.

É claro que há outros que nem sequer o querem fazer. Não suporto ver a Manuela Moura Guedes apresentar um suposto telejornal. Não contente com tomar partido nas notícias, solta comentários sarcásticos e insinuações populistas. Não há opiniões num telejornal senão as veiculadas por outros.

Não significa que não existam linhas que os jornalistas seguem. A atribuição de tempo de antena a determinada notícia, em si, já pode ser a emissão de uma opinião. Mas é uma orientação geral de uma dada publicação, aquela que toda a gente consegue identificar.

Este facto, por si só, não é forçosamente mau. É mais fácil interpretar aquilo que me relatam se eu souber qual é o posicionamente ideológico de quem o conta. Basta pensar na descrição que um adepto do Benfica faz do árbitro no jogo contra o Sporting e a versão do sportinguista.

É com esta finalidade que existe o editorial de um jornal. Para ser a sua voz, a identificação precisa da forma como pretende relatar a realidade. Para fornecer ao leitor uma espécie de chave de interpretação daquilo que publica

É essa também a razão pela qual O Público deveria reconsiderar a a sua política de assinar editoriais.

terça-feira, abril 25, 2006

Nunca sabes onde pões as coisas
Ouvia-a dizer enquanto passava os olhos e as mãos por todo o tampo da secretária desarrumada, atrás dos objectos, do candeeiro, do laptop, do calendário, do pisa-papéis, da pilha de documentos, dos livros. Nada. Rebuscava todos os cantos e recantos das três gavetas semi-cheias semi-vazias de tralhas por arrumar, porcarias que ficam à espera de ser deitadas fora até chegar aquela decisão definitiva e purificadora que enfia tudo no cesto sem critério nem misericórdia. Quanto mais as chaves do carro teimavam em não aparecer mais ela
Já estamos atrasadíssimos
como se nunca se tivesse atrasado, como se nunca tivesse parado para procurar algo que não se lembrava onde tinha posto. Mas não era isso. Era mais do que isso. Havia dias em que acordava logo com pedras na mão prontas a serem arremessadas na sua direcção. Indiscriminadamente. À mínima coisa. Sem aviso. Sem dó nem piedade. E nunca acabavam. Porque se não recebessem nenhuma reacção que pretendesse contrabalançar o sentido da investida, continuariam a voar; se houvesse uma resposta, então a retaliação não conheceria limites e continuaria para além do razoável, para lá sequer do aceitável, do tolerável.
És sempre a mesma coisa
As mãos continuavam a vasculhar, prosseguiram pela mesa de café, ao lado do cinzeiro, ao lado da janela da eterna flor desmaiada, por entre as revistas. Resolveu deixar a sala e passar revista à cozinha, também como uma forma de se afastar das palavras venenosas do fogo cerrado. Percorreu a bancada, percorreu todos os esconderijos que as coisas que não querem ser achadas escolhem para se esconder, passou pela mesa onde, para além dos pratos por arrumar, se amontoavam cartas, contas, daquela publicidade que infesta o correio.
Mas porque é que não pões as coisas nos sítios? Porquê…? Custa assim tanto ter um mínimo de organização?
De repente, na cadeira encostada à parede da cozinha. A mala dela. Delicadamente agarrou e dirigiu-se à sala. O fecho ligeiramente aberto. Um objecto metálico dependurado, o objecto que impede, qual muro de betão, que ela continue a saraivada de ataques, que estancou por completo a fúria acusatória. É o porta-chaves. Da chave. Do carro.

A mala está na mão dela. Ela está calada. Ele continua calado.

segunda-feira, abril 24, 2006

«One reason for relatively low productivity growth in the nontradables sector is its substancial overlap with services, which are inherently less susceptible to standardization and mechanization than are manufactures or agriculture. This is not to say that there cannot be substantial technical advance in services. To use an example from Baumol and Bowen (1966), the hourly output of a string quartet has changed dramatically since Haydn’s day. Through modern audiovisual and communications strategy, the music that once entertained at most a roomful of listeners (hence the name “chamber music”) now can be brought instantly to millions worldwide.»

Foundations of International Economics, M. Obstfeld e K. Rogoff

domingo, abril 23, 2006

Há quem faça - maratonas na verdadeira acepção da palavra e desate a calcorrear quarenta e poucos quilómetros. Eu é mais outro tipo de acepções. Entrei na Festa da Música às 13h30 e saí às 22h30. Enfim, cada qual com o seu desporto.

sábado, abril 22, 2006

Abraça-me
E as mãos encontraram-se lado a lado
Nas costas
Na cabeça
Com força
E os braços apertaram
Comprimiram um corpo contra o outro
Mais força
E os braços apertaram com ainda mais força

Pronto, agora podes-te ir embora.

sexta-feira, abril 21, 2006

«Os filhos deixaram de ser um bem de investimento para passar a ser um bem de consumo»

Mais ou menos, com efeitos de memória à mistura, César da Neves, no programa Prós e Contras.

quinta-feira, abril 20, 2006

O sindicato - dos professores de línguas estrangeiras juntou-se ao dos tradutores e começaram a fazer acções de protesto conjuntas. Saíram para as ruas e fizeram campanhas de sensibilização em frente a locais de trabalho, escolas, hospitais, igrejas. Depois intensificaram a luta e fizeram manifestações bem organizadas e preenchidas, buzinões, bloquearam estradas e dificultaram a vida aos demais. Ganharam espaço mediático e conquistaram a opinião pública. Sem conseguir resistir à gigantesca operação de lobbying, Deus não teve outra forma senão dar o braço a torcer.

E foi assim que surgiu o episódio da Torre de Babel

quarta-feira, abril 19, 2006

A resposta - rasgou o ar como um chicote disparado pelos lábios torturantes, pela língua certeira. Dilacerou-lhe a carne, fez-lhe um sulco na tua pele, desfez-lhe a postura. Derrotado, agachado, submetido, perguntou-lhe porquê, porquê tamanha violência numa simples frase que não precisava de nada mais senão ser banal.

Não me faças perguntas se tens medo da resposta.

terça-feira, abril 18, 2006

Uma máquina uma janela um motivo

segunda-feira, abril 17, 2006

Quando for grande quero saber escrever assim

«Querido leitor:
Não sei com que palavras te hei-de apresentar este livro, mesmo depois da volta que levou. Escrito de uma assentada há mais de quarenta anos, na idade em que os atrevimentos são argumentos, nele deixei a nu toda a fantasia descabelada e toda a canhestrez expressiva que se tem impunemente na juventude. Mas tão embaraçado fiquei, quando na maturidade o reli, que fiz os possíveis por esquecê-lo e por que fosse esquecido. Hoje, porém, nesta vertente da vida em que se olham com lucidez e benevolência os verdores da mocidade, resolvi recuperá-lo. Pacientemente, limpei-o das principais impurezas, dei um jeito aos comportamentos mais desacertados, tentei, enfim, torná-lo legível. Por ele e por mim. Por ele, porque, apesar de tudo, conta uma história portuguesmente verosímil, dado que somos os andarilhos do mundo, capazes em todo o lado do melhor e do pior; por mim, porque nenhum autor gosta de deixar no espólio criações repudiadas. E aqui tens a obra outra vez trazida a lume. Tu dirás se valeu a pena o longo pousio e a indispensável monda. No presente, é mais que certo que não conceberia a narrativa tão linear e apressada. Procuraria ao menos que fosse mais entrosada psicologicamente, mais lógica, menos sumária e arbitrária. Mas teria também o seu preço tal presunção e coerência. Talvez que assim não conseguisse tão espontânea e liberalmente dar largas à imaginação. Que, valha a verdade, é essa a única ponta por onde se lhe pode pegar. Confesso mesmo que, nesse capítulo, nunca mais tive experiência igual. A caneta parecia-me na mão o cabo endiabrado de uma vassoira de feiticeira. Voei, não há dúvida. Simplesmente, esqueci entretanto as leis da gravidade.

E quando caí em mim foi a desilusão total. Mas não há como o tempo para tonra relativos os juízos absolutos. À hora menos esperada da razão, damos connosco a sorrir dos rigores dos nossos anteriores critérios. Foi o que me aconteceu. Acabei por descobrir que, mais do que anatematizar maceradamente certos erros, o melhor é compreendê-los na sua circunstância e tentar minorá-los. E pronto. Depois de o aceitar em consciência e de o mortificar na bigorna do ofício, assumo em parte inteira o devaneio. E até com certo enternecimento. Talvez por me sentir incapaz de o repetir…

Coimbra, Maio de 1985

Teu
Miguel Torga»

Prefácio d’O Senhor Ventura

domingo, abril 16, 2006

Seria interessante - se, pelo menos uma vez que seja, não passassem filmes “históricos” daqueles pesados e muito chatos em épocas festivas do calendário cristão. É que nem podem alegar a falta de alternativas. Por exemplo, na Páscoa, ao invés da estreia absoluta da Paixão de Cristo e daqueles típicos telefilmes gigantescos de três dias e quatro noites, podiam passar o Life of Brian dos Monty Python.

A temática é a mesma e tem o atractivo de ter graça.

sábado, abril 15, 2006

Aos provérbios do género - não há fome que não dê em fartura, não há bela sem senão, não há sábado sem sol, vou acrescentar um da minha laia: não há época de exame sem uma nova fonte de ruído irritante.

Não sei se estão lembrados do senhor das obras que passava a vida a assobiar. Cheguei ao cúmulo de estudar com walkman. Aquele trinado, aquelas melodias de gosto duvidoso, destruíam-me a concentração. Totalmente.

A ameaça, desta vez, é oriunda do reino animal. Um gato que apareceu por aqui há uma semana ou duas. Pequenito, enfezado, doente. O miar é muito estranho, rouco, fundo. Parece uma espécie de Joe Cocker de quatro patas.

E não se cala. Cá em casa, resolveram condoer-se e dar-lhe de comer. Até o levaram ao veterinário. O tipo deve ter achado que era trigo limpo farinha amparo e só tinha que aproveitar a primeira oportunidade para entrar que a adopção estava garantida.

Mas não está. Tirando a minha irmã, ninguém está para aí virado. Ainda para mais porque já moram cá bichos. Um deles, em particular, chama-se Tobias, também é felino e até já foi protagonista de um post de pescada há algum tempo atrás.

Escusado será de dizer que o Tobias anda possesso. Morre de ciúmes da atenção dada ao rival. Não larga nenhum de nós e até recomeçou a comer comida de lata que tinha deixado há imenso tempo porque viu que o outro anda a ser alimentado com as que ele deixou de lado.

Como se não bastasse tudo isto, o rouco gosta de se aventurar e passar o portão. Resultado: pancadaria de meia-noite. Se o novato não pode puxar muito pelas cordas vocais, o outro não tem nenhum tipo de limitação. Está mais perto dum Pavarotti com as mesmas quatro patas.

A ajudar à festa, os dois cães cá do jardim zoológico adoram juntar-se e dar corda à garganta, correr pela casa desenfreadamente à procura de uma porta por onde esgueirar-se e ver a porrada na primeira fila do ringue.

No meio de toda esta balbúrdia está um tipo de calhamaço em frente ao nariz.

sexta-feira, abril 14, 2006

Pedia-lhe - que lhe mostrasse mas a resposta era sempre negativa. Em troca, recebeu a uma justificação que mais parecia uma explicação paternalista. Sentiu-se uma miúda pequena, chamada à razão por um erro do qual a tenra idade não lhe deixava aperceber-se.

Nenhuma intimidade justifica a quebra de todas as barreiras de privacidade. Há coisas que são só minhas. Há coisas que são só tuas. Não tenho que te dizer nada para lá desse limite nem tu para lá do teu. Aliás, nem quero saber aquilo que não é suposto.

Então essa é a nossa diferença. Eu quero saber tudo sobre ti. Não quero que me escondas pormenores, nem sequer que me escondas aqueles que consideras maus. De que outra forma poderá ser senão conhecermo-nos até ao mais ínfimo detalhe?

Conheço-te o suficiente neste desconhecimento.

quinta-feira, abril 13, 2006

O rim é um órgão vital?
É, claro que é.
Mas uma pessoa pode viver sem um rim, certo?
Desde que o outro funcione e que essa pessoa não abuse dos copos.
Então se uma pessoa pode viver sem um rim como é que o rim é um órgão vital?
Porque não podes viver sem rim!
Mas acabaste de dizer que eu posso viver sem um rim
Sim, mas isso é diferente…
É diferente porquê? Eu não posso viver sem um coração nem sem um fígado mas posso viver sem um rim. Logo, não deviam ser órgãos vitais por si só. Quando muito os dois rins é que deviam ser órgãos vitais. Ou o aparelho renal. Um rim por si só devia ser um órgão banal.
(cara de enfado)
E os pulmões é a mesma coisa
(silêncio e expressão ameaçadora).

quarta-feira, abril 12, 2006

O mail – com o excerto do Diário da República que noticia a contratação de uma licenciada para gerir o site do Ministério da Justiça a troco de mais de três mil euros já me tinha passado pela vista. Mas, hoje foi a primeira vez que vi algo escrito no corpo do texto da própria mensagem. Corpo esse que afirma em título que se trata da filha do Ministro.

Eu não sei se o ficheiro com a imagem do Diário da República em anexo é verdade. Honestamente, se fosse, tendo em conta o país onde vivemos, não estranharia muito. Agora aquilo que eu sei é que duvido muito (e uma dúvida que entretanto posso confirmar) que essa pessoa não é a filha dele. Lá porque partilham o mesmo apelido, tal não significa que haja um grau de parentesco envolvido. Ainda para mais um como “Costa”, que não é propriamente invulgar. Quem conta um conto não resiste a acrescentar-lhe um ponto.

Parece que estive à espera de me deparar com uma coisa destas incorrecta para desbaratar. No entanto, o que vou escrever agora é perfeitamente independente da minha suspeita de incongruência na mensagem.

Utopicamente falando, a Internet é um meio altamente eficaz para desmascarar injustiças, pôr a nu escândalos, contribuir de alguma forma para uma população mais alerta e consciente. Utopias aparte, a Internet é também um mundo que não conhece fronteiras e, sobretudo, que não precisa de identificação e, por isso, extremamente querido à cobardia que se quer de rápida propagação. É demasiado fácil lançar um rumor e esperar pela infecção fulminante.

Um jornal também publica notícias erradas. Mas um jornal tem a cara dos seus jornalistas, editores e demais profissionais. Pode igualmente agir sem escrúpulos, mas os pouco escrupulosos são identificáveis ao ponto de, mesmo que com forças desproporcionais, responderem perante a lei. E não só, perante a própria opinião pública: o jornal tem um nome que pode cair no descrédito. E acho que não sou o único a dar muito mais crédito a uma notícia num jornal chamado “de referência” do que ao “Correio da Manhã” ou ao “24 Horas”.

Por tudo isto, acho piada às pessoas que se julgam feiticeiros de capa e espada e resolvem bombardear inboxs alheios com as “notícias” que receberam sabe-se lá de onde, como se estivessem a contribuir de uma forma decisiva para a reviravolta democrática do seu país. Isto, claro está, sem pararem um pouco para pensar na eventualidade de estarem a ser usados para denegrir a imagem de alguém ou alguma entidade. No limite, contribuir para aumentar o spam e o flooding de servidores e utentes.

Quem diz em relação a mails destes, diz em relações a qualquer hoax estilo “novo vírus ultra destrutivo” ou pedidos de sangue ou medula óssea urgentes para pessoas de que estão em risco de vida. Há também os ataques a empresas, dos quais o feito à MacDonalds será talvez o mais célebre, passando por grandes cadeias de pronto-a-vestir como a Ralph Lauren, se não estou em erro, vítima de acusações há uns meses atrás. E isto, é claro, já para não falar nos grandes clássicos das criancinhas de África sem quinze braços e oito pernas, exactamente como vamos ficar se não reenviarmos o mail a vinte e sete pobres amigos que nos tenham confiando os seus endereços.

No limite, nem tudo o que veiculam será mentira nem eu tenho a pretensão de o afirmar. Mas tenho a pretensão de dizer que a verificação é complexa, a credibilidade é muito baixa (mesmo quando assinada em baixo por professores de faculdades e médicos) e que a probabilidade de acertar é reduzida. Ou seja, a eventualidade de acertar não compensa os erros.


Caros heróis da divulgação virtual de novas bombásticas: a vossa quimera a espalhar a “palavra” alimenta a criação de mais tretas porque potencia o impacto. Lembrem-se que de uma coisa inventada há muito tempo chamada capacidade crítica e outra subsequente que se chama triagem.

Por favor, apliquem ambas criteriosamente antes de me enviarem as vossas mensagens electrónicas.

terça-feira, abril 11, 2006

Segundo dizem - os metereologistas, o Monte Olimpo é um local deste nosso planeta extremamente profícuo à existência de trovoadas. Como era aí que morava Zeus, dizem que é essa a razão pela qual o rei dos deuses era representado como um tipo que mandava faíscas sempre que se zangava com alguma coisa ou queria demonstrar a máxima extensão dos seus poderes.

Eu, que não tenho poderes nenhuns de especial destaque nem me quero armar em manda-chuva, não me importava nada de morar num sítio assim. Quer dizer, respeito as trovoadas, a força dos elementos. Mas, chamem-lhe parvoíce, estupidez ou atracção do abismo, adoro ficar especado a olhar, a apreciar o verdadeiro espectáculo dos deuses que é uma saraivada de relâmpagos.

segunda-feira, abril 10, 2006

Um elefante e uma formiga – corriam desenfreadamente num caminho sinuoso de terra vermelha. Não tinham pressa para chegar seja onde for; não fugiam, assustados, seja de quem for. Mais: se lhes perguntassem, não saberiam responder para onde iam. Apenas corriam pelo gosto de correr.

A certa altura, a formiga soltou um berro enorme, monumental, um “pára” tão grande que o elefante não teve outra alternativa senão enfiar as patas que furaram o chão duro sem, no entanto, conseguir evitar alguma perda de controle e uma derrapagem. O portentoso animal olhou para a singela formiga com uma cara inquisitória. Ela desfez o mistério:

- Já viste bem a poeira que nós estamos a levantar…?

domingo, abril 09, 2006

Coisas de miúdos que nunca deixei de fazer

1) Beber leite com chocolate com uma palhinha e soprar para fazer bolinhas;
2) Chapinhar nas poças quando chove;
3) Fazer caretas e deitar a língua de fora;
4) Pedir que me contem histórias, especialmente para adormecer;
5) Ficar à espera do Pai Natal na Consoada;
6) Dizer nha nha nha nha toma toma sempre que quero fazer inveja a alguém;
7) Ver os desenhos-animados do Bugs Bunny;
8) Pedir colo;
9) Brincar com os legos e os playmobis;
10) Apanhar carreirinhas nas ondas da praia;
11) Rebolar na areia;
12) Despentear-me;
13) Andar de baloiço;
14) Pedir à minha mãe que faça douradinhos do Capitão Iglo para o jantar.

sábado, abril 08, 2006

Uma semana - em que a vida social foi grupos de trabalho e trabalhos de grupo. A simpatia da empregada do bar foi posta à prova e passou com distinção; fez o favor de nos servir para lá da hora normal de funcionamento. Mas quando o segurança da faculdade diz para o colega que “os senhores hoje vão mais cedo” e o relógio marca um quarto para a meia-noite é que o caldo está mesmo entornado.

Uma noite de sexta para sábado com um sono profundo de dez horas. E uma resolução. Fazer férias. Não precisa ser ficar de papo para o ar, embora uma escapadinha se aproxime a passos largos. Bastaria fazer férias da minha cabeça. Deixar este apêndice do meu corpo na prateleira, no armário, na mala do carro. Bem fechada algures.

Porque só consigo descansar verdadeiramente estou longe de tudo o que ela carrega.
J’aime pas l’amour

C'est toujours la même chose
Même histoire, même parcours
Mêmes mots, mêmes roses
Mêmes yeux de velours

J'aime pas l'amour

A chaque fois voilà
C'est reparti pour un tour
Les chabadabada
Sur la plage de Cabourg

J'aime pas l'amour

Et ces "Main dans la main"
Et ces "toujours toujours"
On connaît le refrain
Un petit air balourd
Des paroles de rien
Même pas d'Aznavour
C'est dire si ça craint

J'aime pas l'amour

J'crois pas au prince charmant
Le coq dans la basse-cour
Ses blablas, c'est du flan
Et ça manque d'humour

J'aime pas l'amour

En v'la du baratin
Tout gluant de glamour
C'est du Pascal Jardin
Dans ses plus mauvais jours

J'aime pas l'amour

Et la main dans la main
C'est pour toujours toujours
Il est beau le vaurien
Le gentil troubadour
Dès le lendemain matin
Il ressemble à Gainsbourg
C'est dire si ça craint

J'aime pas l'amour

Si tu crois me séduire
Ah ce que tu te goures
Je suis sourde au désir
et le désir rend sourd

J'aime pas l'amour

Pas de main dans la main
Pas de toujours toujours
On sait c'que ça devient
C'est un compte à rebours
Avant le coup d'surin
Des adieux sans retours
Des Valmy, des Verdun
Et des chagrins d'amour


Olivia Ruiz

sexta-feira, abril 07, 2006

Por muito que - o tente evitar, caro Engenheiro Sócrates, a definição de Simplex (Mathworld Wikipedia) pode ser muita complicadex. Pessoalmente, até às três dimensões ainda vá que não vá. Agora com trezentas e trinta e três…

quarta-feira, abril 05, 2006

Em como o aumento - da motorização e os sistemas de ar condicionado centralizados são o resultado de uma conspiração levada a cabo por empresas de lenços de papel para que haja um número crescente de pessoas com sinusites, rinites e problemas respiratórios.

segunda-feira, abril 03, 2006

Continuo numa de Papa. Tudo porque me apercebi que, enquanto o anterior para mim era sempre recordado com o nome artístico e dificilmente associaria àquela cara o nome de Carol Wojtyla, o mesmo não posso dizer do actual. Não consigo não pensar nele como o Ratzinger.

Será que é porque assisti à cobertura mediática da escolha deste e não do outro? Na prática, conheci-o primeiro enquanto bispo e só depois passou a vestir de branco, enquanto que nunca cheguei a ver o João Paulo II noutras vestes. Outra razão poderá ser alguma proximidade em relação à língua alemã. Que é como quem diz, distância à polaca.

Mas que é estranho, é. E desmistifica. Bento XVI ainda poderia ser uma espécie de entidade espiritual, um ser diferente. Joseph Ratzinger é mais um homem.

domingo, abril 02, 2006

Ratzinger…
Estás à janela
Com o teu
Cabelo à lua
Não me vou
Daqui embora
Sem levar
Uma bênção tua
Ratzinger
Estás à janela

Peregrino na Praça de São Pedro
Hoje que me lembrei - dos Simpsons tinha logo que aparecer o Ratzinger em directo na 2 a dizer coisas para a Praça de São Pedro. Sorte malvada…
E então – disse-lhe que lhe desse mais um copo. Ele perguntou-lhe porquê, não achas que já bebeste o suficiente? Ela riu-se um pouco, forçada. Depois parou, olhou para ele e, de repente, como se pusesse uma máscara à frente da cara, ficou séria. Um pequeno suspiro depois e disse: já bebi muito mas ainda não chega para te achar atraente.

E não quero ir para casa sozinha.

sábado, abril 01, 2006

«‘Never imagine yourself not to be otherwise than what it might appear to others that what you were or might have been was not otherwise that what you had been would have appeared to them to be otherwise.’»

Alice in wonderland, Lewis Carroll