Ainda me custa a crer que o Putin tenha ido na cantiga - e fechado a Praça Vermelha para o Sócrates se armar em desportista saudável uma vez mais. Quer dizer, uma coisa é correr nas maratonas da ponte ou no calcação em Copacabana onde, de facto, mais pessoas correm. O mesmo seria aplicável ao Central Park, acaso a comitiva por lá resolvesse passar numa eventual visita oficial. Não acho a iniciativa brilhante mas sempre seria mais conforme o bom senso. Para além de que alguém deveria dizer ao primeiro-ministro que correr numa superfície daquelas com paralelos não é nada saudável, faz mal às articulações.

O agnosticismo está para o ateísmo - como o adoçante está para o açúcar mascavado.

Não me agrada que transformem a Câmara de Lisboa num terreno de batalha. Não me agrada a pulverização do espectro político pela mobilização de pesos pesados. Tão grande que foi à custa de sacrifícios no Governo. Preocupa-me o que acontecerá quando as cabeças de cartaz, sobre a liderança de uma mais cabeça do que as outras, estiverem todas as discutir umas com as outras e ninguém se entender. Poderá acabar em birras de prima donnas que preferem bater o pé a lidar com a falta de total protagonismo.

Ça commence mal, très mal

Demais

Que a estratégia vai resultando, não há muita margem para dúvidas, basta olhar para o recente historial nas competições europeias (enfim, com a ressalva de manter os olhos bem fechados em relação a competições internas). Independemente do sucesso internacional, o Liverpool é uma equipa que não convence ninguém. São chatos, não jogam nem deixam jogar.

E depois, o Benitez é aquilo que se denomina na gíria por mariquinhas. É tão avesso a arriscar um bocadinho que seja que até irrita. Basta ver o que aconteceu ontem: levaram um golo contra a corrente do jogo no final da primeira parte e o gajo só mexeu e meteu o Crouch a quinze minutos do fim. Para qualquer outro treinador, a situação seria mais do que justificação para uma postura agressiva mais cedo. O Rafa é um gajo que não se entende



Por falar em Gerrard, sempre me intrigou a expressão dele. Tem sempre um semblante carregadíssimo. Primeiro pensei que fosse um tipo triste, sistematicamente descontente com a vida. Depois pensei melhor e agora acho que não é nada mental, é uma maleita física. É isso, o Gerrard tem cara de quem sofre fisicamente. A julgar pela postura, dores nas cruzes. Ou qualquer coisa do aparelho digestivo. Por exemplo, uma úlcera ou prisão de ventre.

O som é o da caixa de madeira escura a pedir restauro, pendurada no pilar da parede branca. O metal dos ponteiros. Separado por uma pequena porta de vidro, o pêndulo com a extremidade em formato circular, timoneiro incansável
Tic tac
não fosse a corda que nunca acaba, parece que estás sempre de braço esticado com a chave metálica na mão que entra naquele orifício à esquerda do centro onde repousam as raízes dos ponteiros, algures entre o oito e o nove, à espera de ver um qualquer abrandamento do mecanismo que põe tudo em andamento
Tic tac
para imediatamente pôr cobro ao descanso que não queres que tenha. Nunca desligas, nunca o descansas, a tua vida, tudo subordinado a este movimento perpétuo, à lei tirânica daquelas duas hastes pretas que eternamente se arrastam sobre uma superfície circular branca com doze números, a vontade dos ponteiros
Tic tac
acima de qualquer outra. A tua vida espelhada nos minutos, nas horas, nos segundos anunciados, denunciados pelo toque produzido de cada vez que o pêndulo atinge o ponto máximo da sua deslocação lateral e
Tic tac
solta o som que te guia como o cão dos cegos. E, no entanto, o rangido do soalho, o zumbido do motor em funcionamento do frigorífico, os estalidos do forno a arrefecer, o crepitar da electricidade estática no televisor, o despedaçar das gotas da torneira que veda mal a precipitarem-se contra o lava-louças, a percussão dos teus saltos no chão de pedra, o deslizar da água nos canos por detrás das paredes, a voz e a deslocação do vizinho do andar de cima, as pombas a esvoaçar e a roçar contra os vidros, o movimento e as buzinas dos carros, tantos sons no terceiro andar que é na verdade um sexto porque há cave, rés-do-chão e o desnível da garagem e no entanto
Tic tac
É tudo o que oiço, que não deixo de ouvir, que parece preencher todo o espaço, toda a imagem do terceiro andar que é na verdade um sexto porque há cave, rés-do-chão e o desnível da garagem. Tapo os ouvidos e não deixo de ouvir o tique-taque, ressoa, ecoa, reverbera nos tímpanos. Quase desejo ser surdo para que finalmente deixasse o ruído para trás.

Mas depois percebo que mesmo sem o ouvir, continuaria a senti-lo.

Da série apelidos-que-a-serem-verdade-revelam-um-profundo-mau-emprego

Laetitia Casta

Sete macacos e tu és um

Ta na na tã
Ta na na tã tã
Ta na na tâ
Ta na na ta tã tã tãã

Ta na na tã
Ta na na tã tã
Ta na na tâ
Ta na na ta tã tã tãã

Ta na nã
Ta na nãã
Ta na nã tã tã tã tâ
Tã tââââ
Ta na nã tã tã

Very happy

Com o fim do limbo – já não me resta outra coisa senão o inferno.

Só em carros com GPL – é que a expressão “dar gás” assume todo o seu esplendor.

O departamento jurídico do Sporting Clube de Portugal – está a preparar uma acção judicial contra Nossa Senhora de Fátima no seguimento dos acontecimentos desportivos do fim-de-semana passado. O clube de Alvalade queixa-se de favorecimento divino dos rivais do Futebol Clube do Porto no jogo de domingo em que viajaram até ao terreno do Passos de Ferreira. Em causa está o golo do empate dos azuis e brancos, alegadamente obtido por intervenção sobrenatural. Este empate permiti-lhes assegurar a primeira posição temporária da Superliga e entrar na última jornada a depender apenas do resultado que obtiverem frente ao Desportivo das Aves.

Os verdes e brancos queixam-se “da total impunidade com que estas situações acontecem” e acusam as autoridades de compactuarem naquilo que consideram um atentado à verdade desportiva, uma vez que nenhumas medidas foram tomadas num dia que se sabia propício a este tipo de acontecimentos. “Toda a gente sabe que o Senhor Pinto da Costa tem relações estreitas com aquela senhora da Cova da Iria e não há neste país ninguém que ponha cobro a este tipo de situações” terá dito o presidente do Sporting, Soares Franco.

Algumas notas sobre desporto:

1 – Setenta e sete jogos de enfiada em terra batida. Setenta e sete. Nadal vai limpar uma vez mais a época de terra batida. Para mim, um confesso fã do Federer, é uma chatice: não é desta que ele vai finalmente juntar-se ao restrito clube dos que ganharam os quatro Slams.

2 – Aparte as questões das lesões e possíveis poucas sortes que pouco interessam, não foi o Mourinho que fez um mau campeonato: o Manchester é que fez um excelente campeonato. Aliás, se ganhar o próximo jogo, será o campeonato em que a equipa faz mais pontos desde sempre. Mais ainda, é a terceira vez consecutiva que o Chelsea chega às meias-finais da Liga dos Campeões.

As causas da decadências dos povos europeus ocidentais na primeira metade do século XXI

How much longer - can a fortnight last?

As Maddies deste mundo – são um maná para a comunicação social, para conversas de café, desbloqueadores de conversa, manifestações farisaicas, teorias da conspiração, atestados de incompetência passados às autoridades e spam. Em suma, treinadorismo de bancada.

Não faz sentido - chamar dourada ao raio do peixe quando é público e notório que ele é prateado.

No vidro do carro de uma daquelas empresas de cobrança de dívidas: “vamos atráz dos caloteiros”. Óptimo. E vigaristas? Podem começar pelo gajo que vos pintou o carro.

«(...) apesar de toda a persistência dos sentimentos nacionais, há indícios de que, assim como os povos se constituíram em impérios e depois em nações, em algumas partes do mundo estão a tornar-se povos de novo. A União Europeia, que para tantos dos seus inimigos surge como um império, é um fórum onde o Estado-nação está a ser lenta e por vezes dolorosamente transformado numa confederação. Não obstante todos os problemas com que se depara, tem demonstrado que a soberania e a identidade cultural não precisam de ser inseparáveis e que é possível viver segundo leis traçadas por um executivo multinacional ao mesmo tempo que se continua culturalmente ligado, tão firmemente como dantes, a afinidades locais e nacionais.»

Povos e Impérios, Anthony Padgen

Não consigo deixar de ter pena deles, os Príncipes ou Reis de Espanha ou lá que raio é aquilo. Eles bem tentam, insistem e, mais ainda, arriscam se tivermos em linha de conta a débil saúde dela, provavelmente não a pessoa com a melhores características fisiológicas para trazer vida a este mundo.

Mas o cromossoma Y não quer nada com eles.

Todos os anos as condições são mazitas, sobretudo devido ao vento. Mas este ano está a superar as piores expectativas e, ao que tudo indica, os próximos dias não vão trazer melhorias. Está mais que visto, não vale a pena negar ou escamotear: o São Pedro não grama o Estoril Open.

Surpreende-me. Com qualquer coisa inesperada. Não antecipável. Vinda sabe-se lá donde. Descabida ou lógica, palhaçada ou séria. Não interessa. Desde que seja completamente impossível de adivinhar.

Mas nunca te esqueças que detesto surpresas.