quinta-feira, setembro 30, 2004

Uma curta explicação antes da historieta que se segue. Por norma, decidi nunca usar aqui vocabulário específico, daquele que nem toda a gente acha piada. Sempre recorri a duplos sentidos, insinuações e jogos de palavras em substituição do bom velho palavrão. E, de tal forma me habituei, que é assim que quero continuar. Nem que não seja porque às vezes é um grande desafio evitá-lo.

Contudo, não há regra que não seja para ser quebrada. A certa altura, uma excepção tem de surgir para garantir que todas linhas directrizes têm uma ou outra curvatura. E, em particular, aquilo que queria aqui pôr hoje não é, de maneira nenhuma, transmissível sem vocabulário puxado. Enfim, já devem ter percebido e vou ficar por aqui senão a explicação deixa de ser curta explicação.

Ninguém sabia muito - acerca do escritor. Das poucas coisas que um de nós sabia era que ele gostava de recorrer muito a vernáculo. Ela confirmou e resolveu contar-nos uma história que consta sucedeu numa altura em que a Real Academia Espanhola o convidou para uma reunião. Se estaria a ser uma seca, não se sabe, mas o que é certo é que o escritor adormeceu.

Passado algum tempo, o presidente da Academia, visivelmente irritado com a situação, bateu com o punho na mesa e disse:
- ¿Señor Camilo José Cela, está usted dormido?
O outro não se fez rogado e, com calma respondeu:
- No. Estoy durmiendo.
O presidente não gostou da resposta, da insolência do artista. Olhou em volta para as restantes pessoas e disparou outra pergunta:
- ¿Entonces, podrá usted explicarnos la diferencia entre estar dormido y durmiendo?

- Pues, mire, es que estar jodido tampoco es lo mismo que estar jodiendo, ¿verdad?

quarta-feira, setembro 29, 2004

Sem opinião formada – porque tanto perder o Porto como o Mourinho seriam igualmente motivo de gozo. Desta forma, tirou a possibilidade de regozijo. Enfim, nestas coisas venha o Diabo e escolha.
Desapontamento – Sara, a dizer que mando piadas fracas…? E em seguida contradizes-te quando falas na cena do bom gosto por incluir o link… Ai ai ai. Pior só mesmo o facto de ele já lá estar aí há semana e tu não teres reparado. Afinal, a comentadora é que faz comentários fracos. E, já agora, para quando a retribuição dos gajos das pipocas…?
A Irmã Lúcia - , a única das três testemunhas do milagre de Fátima ainda viva, foi encontrada pela polícia ontem a tentar embarcar num navio de carga com pavilhão paquistanês e que tinha como destino a Tanzânia. A Pastorinha foi dada como desaparecida, no mesmo dia, do convento onde se refugiou há décadas atrás e onde cumpria o seu voto de isolamento do mundo.

A fugitiva terá sido alvo dum ataque de pânico na sequência do visionamento duma peça num telejornal de ontem, que referia o apoio popular à canonização dos três Pastorinhos. Encontra-se neste momento sob vigilância psiquiátrica no Hospital Júlio de Matos em Lisboa. Segundo fontes próximas, a vítima está em estado de choque e repete incessantemente a mesma frase: “raios parta, não me hão-de carbonizar, raios parta”.

Aparentemente, a audição da irmã já não é o que foi em tempos.

terça-feira, setembro 28, 2004

«S. João do Estoril vai ter novo templo - O secretário de Estado da Administração Local, José Cesário, assinou ontem o contrato-programa para a construção da nova igreja do Bairro de S. João do Estoril, no concelho de Cascais. Baptizada em honra de Nossa Senhora da Boa Nova, o novo santuário irá ser construído no bairro social da Galiza, uma urbanização camarária vizinha do aglomerado de barracas do Bairro do Fim do Mundo.

Paralelamente à construção da nova igreja, o contrato-programa visa também a criação de um centro social e paroquial, que englobará um centro de dia para os idosos, substituindo o que actualmente funciona num pré-fabricado.

Depois do lançamento simbólico da primeira pedra, no início de Março, a autarquia de Cascais revela que o projecto está finalmente pronto, continuando no entanto a desconhecer-se as suas datas de concretização. Segundo o porta-voz da Câmara de Cascais, a obra envolverá cerca de um milhão e meio de euros, repartidos entre a construção do local do culto e do centro de apoio social.

“Esta nova igreja é uma estrutura bastante necessária naquela zona, visto existirem cerca de 3600 fiéis só na Paróquia do Estoril, o que obriga a que sejam realizadas missas de hora a hora e baptizados de cinco e seis crianças no mesmo tempo”, explicou Pedro Múrias. “Dada a percepção desta necessidade, a Câmara de Cascais prontificou-se desde logo a oferecer o terreno, espera-se agora que, depois da assinatura deste contrato, o Governo disponibilize então o orçamento necessário”, rematou o porta-voz do município.»

In O Público, 18 de Setembro de 2004
Tiro ao lado - Se há coisa que os fanáticos dos clubes têm dificuldade em entender são as pessoas que não são como eles. Ou seja, aquelas que, orgulhosamente ou pouco interessadamente, são aclubísticas. Se um tipo critica tal equipa, é porque deve ser apoiante do seu maior rival, trigo limpo farinha Amparo. Nem há qualquer outra alternativa possível.

Caros amigos que tão cordialmente comentaram os meus ultrabreves do mundo do futebol (e tu, Luís, já devias saber o que a casa gasta): gozei com o Porto porque estou pouco habituado a vê-los desperdiçar pontos; gozei com o Benfica porque foi a primeira não vitória até ao momento; não gozei ainda (de realçar este último advérbio) com o Sporting porque está mais ou menos como tem andado desde que me lembro.

Sofro com a Selecção Nacional. É a única entidade do mundo da bola com a qual me identifico. Bom, talvez um bocadito com o Estoril, fruto de muitos anos de convivência próxima. Ou seja: com tudo o que expus sobre o tema, não é lícito que tirem a conclusão que sou lagarto. Ou, para o mesmo efeito, lampião ou tripeiro. Ou qualquer outra designação. Sou somente um gozador assumido.

Estou para os clubes como a Suíça para o resto do mundo.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Passos de gigante - O solo do sax tenor é delirante, forte, agitado. O mestre trazia a lição bem estudada, passa pelos acordes como peixe na água. O mesmo não se pode dizer de Tommy Flanagan ao piano. Nestas coisas as pessoas são normalmente recordadas pela negativa. Protagonizou um dos solos mais caricatos de sempre. Passou praticamente o tempo todo à procura do sítio onde estava na estrutura do tema. Pelo meio, uma ou outra frase solta, tentativa frustrada de soar a algo. Porquê esta dificuldade?

Sol, Si e Mi bemol. As três tonalidades que Coltrane foi buscar para dividir uma oitava em três partes perfeitamente iguais usando intervalos de terceira maior. Conseguir encaixar estes três centros tonais, à partida, não parece pêra doce. Conseguir dominá-los por forma a improvisar neles, pior um pouco. O saxofonista não se contentou com isso. Acrescentou-lhe uma velocidade vertiginosa. Em muitas zonas, dois acordes por compasso.

O resultado é um tema que tem tanto de brilhante como de frenético. Uma obra prima da elegância da forma musical, da fusão dos conceitos matemáticos da complexidade harmónica e da sensibilidade. "Giant Steps" deu o nome ao álbum gravado pela Atlantic em 1960, logo a seguir à participação no "Kind of Blue" de Miles, no ano anterior. É provavelmente a primeira grande obra de referência, charneira da História do Jazz, que Coltrane deitou cá para fora sob a alçada do seu nome.

Para a próxima, as três fases musicais do saxofonista.
A gerência comenta os comentários – Carlos Eduardo, também acho que se deve investir nos transportes que te deveriam servir adequadamente (não sei é quais são: expresso para Leiria…?), não só nos que me servem a mim. E sim, vão mesmo cheios. Aliás, giro que tenhas feito esse comentário no momento em que fizeste, porque hoje, segunda-feira, aquilo ia a abarrotar de manhã, literalmente. Acabam-se de vez as férias de quem as tira em Setembro, as faculdades começam a arrancar, assim como as escolas não obstante os problemas da colocação dos professores, e as carruagens ficam apinhadas.

Repara, em vez de cinco comboios, que tal seis de manhã? Não me parece assim um esforço tão grande. À tarde já não é tão necessário porque as horas de saída são muito mais disseminadas. A entrada é que não. Falei com uma pessoa que usa a linha de Sintra e ela disse-me que aumentaram consideravelmente a frequência dos comboios e a qualidade melhorou significativamente.

Em relação às questões futebolísticas e clubísticas, vou, se não se importam, guardar isso para um post bem elaborado, com cabeça tronco e membros. Pode ser?

Pergunta retórica.

domingo, setembro 26, 2004

Ultra breve - Brrraaaaaaaaaaggggaaaaaaaaaaaaa
22 de Setembro – o dia mais sui generis do ano. Uma espécie de feriado nacional solenemente decretado. Porque das pessoas que normalmente conduzem, a maioria resolve não sair da cama. Numa operação de charme do mais absurdo e ineficaz que pode existir, tentam-se convencer automobilistas a deixar as furgonetas fora da cidade durante todos os outros dias normais do ano.

Todos os outros dias do ano – milhares de pessoas usam transportes públicos. Em particular, sou utente da CP, Linha de Cascais. Entro na estação de São João, a quarta a partir de Cascais. Nesse momento, às 8h00, já todos os lugares estão ocupados e há cerca de 20 a 30 pessoas que têm de ir em pé. À chegada a São Pedro, muitos desses que não encontraram sítio onde sentar a bunda, entram noutro comboio que parte dessa estação e que faz as intermédias que o que sai de Cascais não faz porque é rápido.

Em São Pedro há muito espaço. Sento-me confortavelmente de livro em riste. Os passageiros da paragem seguinte, Parede, têm a mesma sorte que eu, ainda vão conseguir sentar-se. A partir da terceira, Carcavelos, as coisas fiam mais fininho. Têm de ir em pé, está tudo cheio. A partir de Oeiras ou Paço d’Arcos, imediatamente a seguir, a carruagem parece o metro na hora de ponta.

Quando ando de metro, ficar em pé não me chateia muito, as deslocações são normalmente curtas. Quando ando de comboio, já me chateia, são 25 minutos. Se a isso juntar o regresso, há muita gente que passa pelo menos uma hora em pé todos os dias em transportes.

Muitas das pessoas que usam veículo próprio fazem-no pelo conforto. Não têm de se preocupar muito com o dinheiro que gastam. Muitos nem sequer se importam de perder mais tempo presos no trânsito. Pessoalmente, este último problema é o principal motivador de não conduzir para o emprego.

Voltando ao fantástico “Dia Europeu Sem Carros”. Como estão estes cromos à espera de conseguir convencer as pessoas a ir de transportes públicos quando se encontram no estado que descrevi? O próprio verbo “convencer” parece-me errado. Se as condições fossem verdadeiramente boas, em termos de qualidade, rapidez, segurança, não seria preciso convencer ninguém.

Mais ainda: piorar o transporte particular para tornar o público relativamente melhor também não é muito correcto. O ideal é melhorar mesmo o público. Organizá-lo, modernizá-lo, torná-lo mais eficiente. Não é somente uma questão de deslocar pessoas, de planeamento urbanístico e defesa ambiental.

É uma questão de qualidade de vida e respeito.

sexta-feira, setembro 24, 2004

Era a primeira vez - que via o filho sair de casa equipado com o fato de macaco com o qual não o estava habituado a ver; tinha estado de férias desde o início do mês. O pormenor que reteve melhor foi o da pasta desportiva que pendia do ombro por uma alça. Fez um sorriso que exibiu os dentes dum branco ebúrneo altamente contrastante coma pele bronzeada, sorriso esse que terminou num curto riso.

- Pareces um “Hélder” – disse divertida.

quinta-feira, setembro 23, 2004

Ultra breve - Leeeeeeeeeiiiiiiirriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Não querendo mandar achas - para a recentemente atiçada fogueira da discussão se as forças de mudança e progresso vêm de estratos superiores ou inferiores da sociedade, cá vai uma perspectiva que li há pouco tempo. E li antes de ver debatido em blogues alheios.

«O Complexo do Messias é a ilusão de que podemos salvar-nos mudando o homem (ou a mulher) do topo.
Ao verem os políticos da Segunda Vaga tropeçar e hesitar, como que embriagados, diante dos problemas que surgem da emergência da Terceira Vaga, milhões de pessoas, espicaçadas pela Imprensa, chegaram a uma explicação simples e fácil de compreender dos nossos males: o «fracasso da liderança». Se ao menos aparecesse no horizonte político um Messias que voltasse a pôr tudo nos eixos!

Esta ânsia de um líder macho e dominador é expressa hoje até pelas pessoas melhor intencionadas, ao verem o seu mundo familiar desmoronar-se, o seu ambiente tornar-se mais imprevisível e aumentar a sua fome de ordem, estrutura e predictabilidade. Assim, ouvimos, como Ortega y Gasset disse durante a década de 1930, quando Hitler avançava, «um grito formidável, erguendo-se como o uivo de inúmeros cães às estreitas, pedindo que alguém ou alguma coisa assuma o comando.»

Nos Estados Unidos, o presidente é violentamente condenado por «falta de liderança». Em Inglaterra, Margaret Thatcher é eleita porque dá pelo menos a ilusão de ser a «a Dama de Ferro». Até nas nações comunistas, industrializadas, onde a liderança poderá ser tudo menos tímida, se intensifica a pressão para uma «liderança ainda mais forte.» Na U.R.S.S. apareceu um romance que glorifica indisfarçadamente a capacidade de Estaline para extrair as «necessárias conclusões políticas».

A publicação de Vitória, de Alexandre Chakovski, é vista como parte de um impulso de «reestalinização». Pequenos retratos de Estaline aparecem nos pára-brisas, nas casas, nos hotéis e nos quiosques. «Estaline nos pára-brisas, hoje», escreve Victor Nekipelov, autor de Insitute of Foods, «é um movimento vindo de baixo (…) um protesto, por paradoxal que pareça, contra a presente desintegração e falta de liderança.».»

In A Terceira Vaga, Alvin Toffler

quarta-feira, setembro 22, 2004

- Sois o meu súbdito preferido. Sempre haveis sido. Por isso vos chamei aqui. Sabeis que hoje parto para a guerra. Também sabeis que não gosto de pensar nestes termos, sou por natureza um optimista, mas há que ser realista. Têm havido muitas baixas, o inimigo está bem armado e moralizado, cheio de força. Pode acontecer que nunca mais volte. Como prova do meu reconhecimento em relação aos serviços que me prestaste ao longo de todo este tempo, vou deixar-vos isto.
Tirou uma chave do interior do seu casaco.
- Este é o objecto mais precioso que guardo. É chave que abre o cinto de castidade da minha mulher.

O criado esbugalhou os olhos e abriu a boca para dizer algo.
- Não digais nada, não faleis, deixai-me acabar. Não aceito que não fiqueis com a minha oferta. Se quiserdes encarai-o como uma ordem.
O homem acalmou-se, fechou a boca. Fechou também a mão com a chave lá dentro.
- Só tenho uma condição. Para terdes mesmo a certeza que morri no cumprimento da honra e do dever, só a podereis usar caso eu não volte nos próximos dez anos.
Anuiu com a cabeça. Agradeceu-lhe não só a oferta mas também o voto de confiança que depositava nele. Assegurou-o que não o atraiçoaria.

Os homens reuniram-se à saída do castelo. Houve um discurso e todos soltaram gritos de encorajamento. O amo levantou a espada no ar e deu a ordem de partida. Arrancaram. Ainda não tinham feito cem metros quando o criado apareceu a correr. Conseguiu atrair a atenção da chefia que parou de cavalgar.
- Meu Senhor, perdoai-me, não queria incomodar Vossa Excelência! Estou ciente de que sois uma pessoa ocupada e que não podeis dar conta de todos os pormenores. Não quero com isto acusar-vos de não serdes suficiente capaz…
O amo não esperou para o interromper.
- Dizei o que quereis, homem. Desembuchai! Por que correis assim desalmadamente?

- Meu Senhor, aparentemente havei-vos enganado na chave; esta nem com óleo entra na real fechadura…

terça-feira, setembro 21, 2004

Elogio - Grandes, espigadotas, adubadas, bizarmas e, até mesmo, canhões, são algumas das expressões que usamos para definir aquele é um dos clássicos da sensualidade feminina: a rapariga alta.

O que motivou a minha abordagem deste tema foi o porquê da atracção que esta classe à parte do reino dos indivíduos do sexo feminino exerce sobre alguns espécimes do oposto (ou do próprio, claro está).

Será por razões meramente práticas? Ninguém descura o jeito que dá ter alguém grande por perto. Ele é para tirar a louça da última prateleira do armário, ele é a força extra que aqueles braços têm, ele é a facilidade com que se mudam lâmpadas e dobram lençóis, ele é o boletim meteorológico actualizado em tempo real. Acima de tudo, a rapariga alta destrói por completo a necessidade de ter em casa muitos bancos à mão de semear.

Será por razões psicológicas? Os rapazes inseguros, mimados, necessitam de alguém que ocupe o lugar da figura maternal que perdem quando saem de casa. Passam a olhar para a gigantesca mais-que-tudo com a mesma perspectiva com que olhavam para a progenitora na sua infância: muito de baixo para muito lá em cima. Para além disso, sentem-se mais aconchegados com alguém que, embora os possa fazer sentir infantis ou humilhados de vez em quando, ajuda-os a manter na ordem e a tomar decisões sem ser sozinhos, guia-os ao longo das etapas da vida, inclusive nas de maior intimidade.

Porém, nem tudo são rosas. Estes mesmo elementos que referi neste último parágrafo podem ditar o insucesso amoroso da espigadota. Se é verdade que funcionam em cheio para o rapaz inseguro, também é verdade que repelem de imediato outro tipo de rapaz, o complexado. O complexado não é gajo para ser visto com uma matulona. Não gosta de meninas que têm cara de nem sequer precisar de pegar no rolo da massa para se fazer ouvir. É aquele tipo de pessoa que vai buscar à tradição estudantil de Coimbra a sua maior inspiração musical:

“ A mulher alta, para mim não me convém,
Eu não quero andar na rua com o escadote de ninguém!!”

Então, em que ficamos? Nada é perfeito, senhoras e senhores. As raparigas mais baixas têm a vantagem de mais manobráveis e portáteis, estilo aqueles aparelhos da TV Shop que, depois de fazer os 482 abdominais, se dobram todos e se enfiam debaixo da cama para não ocupar espaço indesejavelmente. Pessoalmente, entre os dois tipos, venha o diabo e escolha. Mas isso sou eu, é claro.

Sim Sandocha, é-te completamente dedicado. Não pensaste que te ias safar, pois não…?

segunda-feira, setembro 20, 2004

No comments - Sara, Sara, Sara… Tsss, tsss… O verbo precipitar lembra-te alguma coisa…?
Ultra breve - Eeeestoooooooooooooooriiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiil
Serradura - Sempre achei uma palhaçada aquilo tipo de revistas dirigidas a públicos alvo que pretendem mostrar-lhe o que é suposto eles gostarem. Exemplo? Aquelas que para homens que só têm gajas semi-descascadas, carros e desportos, sobretudo se violentos, como boxe. Não me interpretem mal, adoro gajas (formatos vestida, semi-descascada e totalmente sem casca), também gosto de carros, e gosto de alguns desportos (boxe, por acaso, não é um deles). O que não gosto é que de ser resumido a isso.

Será que não sou homem? Será que não corre no meu sangue suficiente testosterona para alimentar a minha necessidade absoluta e inata de passar os dias a pensar nessa santíssima trindade de assuntos?

Percebi que é possível que não estejamos sozinhos. Jornal “O Público”, edição de sábado, dia em que a dita redacção solta cá para fora, para a sociedade, um verdadeiro portento, um bicho selvagem, uma força da natureza de seu nome “Xis”.

Título da capa: “Mudar, uma atitude que requer determinação e confiança”. Entre outras coisas, acrescenta uma daquelas frases clichés que soam sempre bem e não dizem absolutamente nada de jeito: “Toda a mudança implica grandes desafios mas, também, enormes vantagens”. O velho truque da dicotomia: vantagem seguida e proposição adversativa e desvantagem ou precaução. Passo a vida a usá-lo, resulta sempre. Continua: ”Ninguém cresce e nada evolui se não aceitar a transformação”. Uaauuuu…

O objecto cheira a Laurinda Alves que tresanda, não fosse ela a comandar as operações e depois aproveitar a tralha para fazer livros que devem vender que nem pãezinhos. Para além da questão da mudança, aborda coisas relacionadas com a casa, como deixar de fumar, auriculoterapia que eu nem sabia que existia, amar demais por falta de amor-próprio, hidratantes para o corpo e por aí a fora. Enfim todo aquele tipo de temas que todas as senhoras precisam de ver tratados para poderem olhar-se no espelho de manhã sem vontade de desatar a chorar.

A mediocridade não se fica pela escolha pelos títulos, progride pelo texto a dentro. Um artigo sobre John Coltrane (pequena vénia) jura-me a pés juntos que o tipo nasceu a 23 de Setembro, ou seja, no primeiro dia de Outono. Fantástico. Eu, pessoalmente, pensava que os equinócios e solstícios tinham a mania de ser todos a dias 21 de, respectivamente, Setembro, Março, Dezembro e Junho. Mas isso sou eu, é claro.

Depois, é aquele estilo de escrita de encher chouriços, de fazer render o assunto de forma a que encha uma paginazita, que tenha o número de caracteres suficientes para ficarmos todos satisfeitos com o nosso lindo textinho que, falando alguma coisa, não diz puto de jeito.

Para isso até prefiro que leiam revistas de fofoquices, sempre entendo melhor o interesse.

domingo, setembro 19, 2004

“À medida que a Terceira Vaga penetra na nossa sociedade, o trabalho torna-se menos, e não mais repetitivo. Torna-se menos fragmentado, com cada pessoa a fazer uma tarefa um tanto maior, ao invés de menor. O horário flexível e o ritmo próprio substituem a antiga necessidade de sincronização maciça do comportamento. Os trabalhadores são forçados a habituar-se a mudanças mais frequentes nas suas tarefas, assim como a uma estonteante sucessão de transferências de pessoal, mudanças de produto e reorganizações.

Portanto, do que os patrões da Terceira Vaga necessitarão cada vez mais será de homens e mulheres que aceitem responsabilidade, que compreendam como o seu trabalho se encaixa no de outros, que sejam capazes de desempenhar tarefas cada vez maiores, que se adaptem rapidamente a circunstâncias diferentes e que estejam sensitivamente sintonizados com as pessoas que os rodeiam.

A firma da Segunda Vaga pagava frequentemente por um comportamento mourejante e burocrático. A firma da Terceira Vaga precisa de pessoas que sejam menos pré-programadas e mais ligeiras de pés. A diferença, diz Donald Conover, gerente da Corporate Education for Western Electric, é como a que existe entre músicos clássicos que tocam cada nota de acordo com um esquema predeterminado e preestabelecido, e improvisadores de jazz que, uma vez decidida a canção a tocar, captam sensitivamente pistas uns dos outros e, baseados nisso, decidem que notas tocam a seguir.

Tais pessoas são complexas, individualistas, orgulhosas do modo como diferem de outras pessoas. Tipificam a força de trabalho desmassificada de que a indústria da Terceira Vaga precisa.”

In A Terceira Vaga, Alvin Toffler

sábado, setembro 18, 2004

Sonho com uma Justiça que funcione
Sonho com qualidade e nível de vida
Sonho com uma Educação adequada
Sonho com transportes melhores
Sonho com uma Saúde para todos
Sonho com poder de compra de nível comunitário
Sonho com reformas e pensões decentes
Sonho com um decreto-lei a proibir que uma pessoa seja estúpida
Sonho com uma política regional
Sonho com planeamento urbanístico
Sonho com mamarrachos demolidos
Sonho com maior número de dias de férias
Sonho com um Bush não reeleito
Sonho com carga fiscal menor
Sonho com orçamentos que batam certo
Sonho com a extinção da TVI
Sonho com eficiência na Administração Pública
Sonho com nova digressão dos Pink Floyd
Sonho com o fim dos incêndios do verão
Sonho com pombos não incontinentes
Sonho com prazos respeitados
Sonho com um povo menos apático
Sonho com um Glorioso sem Argel
Sonho com património preservado
Sonho com orgulho nacional
Sonho com marisco sem colesterol
Sonho com açúcar que não engorde
Sonho com o fim de lobbies como o do betão
Sonho com decotes avantajados

Enfim,

Sonho com um país melhor

quinta-feira, setembro 16, 2004

Outra vez - A minha sobejamente conhecida mania das traduções leva-me, por vezes, a situações inimagináveis. Hoje, nomes anglo-saxónicos passados para a língua de Camões. É mais ou menos na altura em que me ocorrem estas coisas que as pessoas adquirem uma prova de que sou mesmo passado porque começo a rir sozinho. Se, porventura, houver dúvidas em relação à verdadeira identidade destes indivíduos, disponham à vontade.

Nelo Diamante
Leonel Ricardinho
David Mateus
Robertinho Guilhermes

Os meus preferidos

Rochedo Ricardos
Machadol Rosa

P.S. – Aquele que chegar ao fim e achar que os “s”s e o “l” estão a mais fica desde já a saber que não entendeu.

quarta-feira, setembro 15, 2004

Mais comentários – Luciana, em homenagem ao discurso bélico, rogo por tréguas. Bandeira branca. Parece-me que estamos a falar de alhos e bugalhos, a chover no molhado. Se não te importas, prefiro fechar a discussão em torno deste tema, o barco das holandesas já cumpriu a sua missão de provocação e zarpou. A caravana foi-se, os cães ladraram um bocado, está na hora de se cansarem. Um dia pedimos ao Pinto para mediar uma conversa entre os dois, pode ser? Ao vivo, sem os mal-entendidos que estes fóruns proporcionam e, de preferência, bem regadinho com uma qualquer bebida.

De qualquer das formas, obrigado pelo espírito comentaristico, é sempre um prazer ver debater.
Aufwiedersehen - Porque pode ser um acontecimento igualmente festivo, para quando a criação de uma instituição denominada despedida de casado?

terça-feira, setembro 14, 2004

Comentário do comentário - Luciana, eu sei a diferença entre meios anticoncepcionais e aborto. Obrigado à mesma. Mas tens de compreender que não ser ideológico e falar deste tema é algo que não roça os limites do possível; ultrapassa-os. Em relação à religião, eu próprio optei por iniciar dizendo que acho que ela manifestamente influencia a posição que todos temos em matéria de aborto. É a minha opinião. E não, não é nenhuma “guerra” como tu o dizes. E sim, pretendia contribuir para o debate.

Tenho pena que o tenhas interpretado como algo bélico. Partidário para outro dia.
Entras pela minha casa adentro - com os sons e as luzes dos teus telediscos. Sei que já não és propriamente uma criancinha, longe vão os tempos em que foste uma virgem tocada pela primeira vez. Entretanto, até já foste a Menina Tarte Americana. Para mim, estás cada vez melhor. Cheia de estilo, cheia de presença, uma sensualidade crescente. Uma lágrima por cada euro do bilhete que deixei esgotar.

Aquele que dava acesso ao concerto da Madonna.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Nomeação – de Tim Henman ao prémio de recordista absoluto de semi-finais de Grand Slam perdidas em Flushing Meadows, Nova Iorque, no sábado dia 11. Ao todo, o tenista foi semi-finalista vencido por seis vezes na sua carreira.

P.S. – olhos postos em Elena Dementieva que pretende alcançar o mesmo galardão mas na categoria de finalista vencida.
Tanto comentário exige resposta. Ora cá vai:

1 – Luciana, começo as hostilidades por ti. No outro dia tive uma conversa (por sinal bastante esgotante) com amigos sobre o mesmo tema e, como é sempre possível, arranjámos exemplos para todos os tipos de situações. Desde mulheres que abortam por desporto a mulheres que não gostam dos seus filhos. Se eu não uso este último caso para defender a interrupção de gravidez porque acho que é uma excepção, então também me parece que a prática contraceptiva se insere na mesma categoria. E olha que eu conheço uma pessoa a quem isso aconteceu mesmo. Há muito tempo, não havia pílulas nem outras panóplias que temos hoje à nossa disposição. Teve de o fazer e podes crer que foi uma pura necessidade. Não te esqueças que as regras foram feitas para ser quebradas.

2 – Carlos Eduardo, desculpa, mas não entendo como encaixas a SIDA aqui. Referes-te a clínicas sem condições de higiene? Confesso que não entendo. Se for isso, então desculpa mas é melhor não pormos mais os pés no dentista ou abdicarmos do programa nacional de vacinas. Curiosidade: começas o teu comentário exactamente com a mesma expressão que o teu irmão quando também discorda comigo. Giro. Elogio à genética? Por falar nele, qué feito do marmanjo? Anda meio desaparecido.

Em relação à música Pimba, fica sabendo que não a inclui no rol porque é das poucas coisas que gosto em casamentos! Não é frete nenhum. É um prazer mexer os pezinhos ao som de Ágatas, Emanueis, Mónicas Sintras e companhia. Aliás, grande clássico o da dança dos cotas do cu espetado. Talvez tenha faltado mesmo aquelas senhoras que se descalçam porque já não podem com os saltos e andam a passear os sapatos na mão e aquelas que aproveitam para encher os seus tupperware com marisco e leitão.

3 – Obrigado, grande Fernando. Alguns já domino, já tinha saudades de me lembrar de “Um Mundo Perfeito”, aquela altura em que o Costner ainda sabia fazer filmes. Acho que o outro que me tinhas dito era “The Thin Red Line”.
Prometo que o link para a Pipoca aparece um dia destes.

4 – Sara, não é trauma recente, por muito longínquo que possa ser marcou-me para sempre.
Já cá está o último da Björk… Queres…?

domingo, setembro 12, 2004

A todos aqueles - que querem ter um casamento com pompa e circunstância, no pino do verão, com muitos convidados, a noiva tenha um vestido montes de chique com uma cauda transportada por putos, que comece ao meio-dia, que tenha um padre que não se cale durante duas horas no mínimo, uma sessão de fotografias de três horas e meia, que só se comece a almoçar lá para as seis da tarde, que haja comida que dê para um regimento e dois batalhões de infantaria, que um gajo fique sentado imenso tempo a seguir a ter enchido o bandulho para lá dos limites da física, que só cortem o bolo da noiva às duas da manhã depois de não sei quantas danças disto e daquilo, que se reúnam as solteiras todas e andem à chapada para ver quem consegue apanhar em voo o arremessado bouquet da noiva, façam um favor à comunidade:

Convidem antes as pessoas das quais não gostam mesmo.

sábado, setembro 11, 2004

O meu despertador é preto e achatado - Tem uma série de botões na parte de cima, o que equivale, grosso modo, ao cachaço, e tem umas daquelas rodinhas do volume e para sintonizar de lado. As horas são exibidas num visor com algarismos muito vermelhinhos e quadrados, feitos a partir da técnica banal dos sete traços que permite esboçar tudo do zero ao nove. Esteticamente até é uma coisa para o engraçado. Fica bem na mesa-de-cabeceira, dá um ar de sua graça.

Mas aprendi da pior forma que não me posso deixar levar pela sua carinha laroca. Da mesma forma que um felino nunca deixará de ser perigoso por muito doméstico que possa ser, um despertador nunca deixará de sadicamente despertar. De emitir aquele som que, mesmo sendo baixo, soa sempre a chinfrineira impossível de aturar logo de manhã.

Num momento de insanidade temporária, pensei em livrar-me dele, abandoná-lo num sítio escuro depois de conduzir aos “esses” durante quilómetros e quilómetros, para que nunca conseguisse achar o caminho de regresso a casa. Depois caí em mim. E percebi que nada que poderia fazer. Nada senão adaptar-me e habituar-me à sua permanente presença, à sua vontade impetuosa de fazer os outros abandonar a cama a horas impróprias para consumo.

A maior relação de necessidade/ódio da minha vida.

sexta-feira, setembro 10, 2004

Parideiras estatais - Resume-se a uma ideia muito simples. Pessoas que pertençam a uma dada religião crêem que a vida é criada e destruída de acordo com as determinações de uma qualquer entidade sobrenatural. Como tal, a decisão acerca de quem vive e quem morre é algo que não nos compete a nós, humanos.

Pessoas como eu pensam o oposto. Somos nós, meros e banais humanos que decidimos todos essas coisas. Quem vive e quem morre é resultado duma decisão nossa.

Considerar que, numa sociedade em que o aborto é legal, este seja praticado como prática anti-concepcional, parece-me, acima de tudo, insultuoso. Insultuoso sobretudo para o sexo feminino. As mulheres não abortam por desporto. Não abortam porque acham piada. Não é um acto que façam com um facilitismo que seria, no mínimo, obsceno. É uma decisão que consideram adequada em dado momento. Nunca é um first best, é sempre um second best.

Se exijo que ninguém mande no meu corpo não é porque outro é capaz de gerar vida que adquiro o direito de decidir sobre ele. O ventre duma mulher é dela, não é um espaço público, uma propriedade do Estado Português.

quinta-feira, setembro 09, 2004

Reformulação – Olhei-te e soube que eras a solução de todas as equações. Aquelas que formulamos com os dados dos nossos problemas e cuja resolução pode custar algumas noites mal dormidas e dias mal vividos.

Mas, que fazer quando perante nós está a incógnita (designação estranha se a variável já é conhecida) que nos custou tempo, paciência e material de escrita a calcular? Tanto sangue, suor e lágrimas provoca uma reacção morna, patética, desajustada.

Balbucia-se meia dúzia de incongruências, vocábulos dispersos. E falha-se. No regresso a casa, luta-se com a consciência que nos culpa de havermos sido frouxos. Pouco convictos. As batalhas ganham-se mais por força de vontade que por força física.

Felizmente, a raiva parte passado não muito tempo. Porquê? Erro de cálculo. Depois de ganhar coragem para olhar para os números, detectamos aquele passo mal feito que arruinou tudo. Afinal, não era aquela a solução.

E recomeça-se.

terça-feira, setembro 07, 2004

Incompreensão - em relação à atitude dos adeptos gregos. Quando ganharam cá o Europeu, fizemos nós mais chiqueiro que eles. Nos Olímpicos fizeram a fraca figura que se viu como, por exemplo, na final dos 200 metros. Já agora, nada mau saber que perdemos com uns gajos tão bons que resolveram deixar a Albânia ganhar-lhes.

Desportivismo, acima de tudo, fica bem.

segunda-feira, setembro 06, 2004

Já os ingleses são - prodigiosos em desenvolver jogos que não interessam nem ao menino Jesus. Estou-me a lembrar do cricket, por exemplo. Os americanos, seja por razões genéticas, seja pela simples vontade de não ficar atrás, acharam que deviam ter uma coisa que se chama futebol americano, sempre se distingue do rugby.

Mas alguma coisa correu mal. Possivelmente queriam quebrar a barreira da pouca atenção que os outros povos prestam aos tipos de capacete a fazer placagens. Não conseguiram. E daqui deve nascer a grande frustração que os leva a apelidar de “World Series” à competição interna (não sei se também conta com o Canadá) que realizam anualmente, e que é um sucesso de audiências na terra do Tio Sam.

É, realmente, um pouco forçada a denominação. Se bem que, vinda de quem vem, até é compreensível. Interessante porque contrasta enormemente com a dos britânicos. Qualquer coisa como “Torneio das Sete Nações”. Daqueles títulos que se auto explicam na perfeição.

Pequenos pormenores como este dizem muito.

domingo, setembro 05, 2004

Embirrações - Acho, e quando digo isto é mesmo a falar a sério, imensa piada àqueles gajos montes de cenário, pinta de mauzões e essas tretas todas, com blusões de cabedal, tatuagens, piercings e o camandro, associados à mota. Porque as definições daquilo que é efectivamente um grande estilo dão para este tipo de ambiguidades.

Ora, um tipo numa Harley Davidson que, à boa maneira, tem o guiador mesmo lá em cima e o selim mesmo lá em baixo, não parece estar com o rabinho sentadinho num penico com rodas?

sábado, setembro 04, 2004

Disse-me - que passou a compreender o porquê do pôr-do-sol em Portugal. Grande parte da costa está virada para oeste e, por isso, a grande bola de fogo desaparece maioritariamente por detrás das águas do mar. Deixou-se deliciar pela e luz e pelas cores.

A foto é de uma costa semelhante em orientação. Ilha de Basílio, São Petersburgo, virada para o Mar Báltico, Golfo da Finlândia.
"A linha telefónica de apoio que a organização holandesa Women On Waves (WOW) disponibiliza desde sábado passado já recebeu perto de cem pedidos de ajuda de mulheres portuguesas interessadas em interromper a gravidez. A grande maioria dos telefonemas foram realizados por mulheres entre os 25 e os 40 anos, que vivem uma situação laboral precária e desejam recorrer ao aborto por motivos de ordem económica."

Retirado do Público Online. Notícia completa aqui. Negritos são responsabilidade minha.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Pensamento do dia – Em como o conceito de purificação racial exige o sacrifício de José Castelo Branco. Foi a pensar em indivíduos com semelhantes características que se desenvolveu o conceito de eugenia.

“Eu não sou uma aberração” – lia-se na capa duma revista cor-de-rosa. Como não rir?

quinta-feira, setembro 02, 2004

Questões linguísticas - Já por aqui andei a monodialogar sobre a foleirada que é pegar em músicas estranjas em espetá-las a martelo em português. Mas depois ocorreu-me que isso é só um dos lados da questão. E todos bem sabemos, até havia um álbum dos Extreme com esse nome, que há sempre três lados para cada história: a de cada um dos intervenientes e o que verdadeiramente se passou.

Qual foi então o flash que se me deu? Foi, como não podia deixar de ser, pegar em música nacional e transforma-la em grandes temas internacionais. Ah pois é… A vítima foi a Sô Dona Mónica Sintra, a minha artista de música popular preferida, à qual gostaria de, um dia, quando a inspiração me atingir, lhe dedicar uma humilde produção literária à altura do seu talento.
Cá vai alho:

Afteeraaaaaall there was aaanoootheeeeer
And I without nothing knooowiiing
Iii smiiiiiileeed

And fooor hiiiim Iii waaas craaazyyyy
To be hiis wiifee, sooomeedaaaaaayyy

Afteeraaaaaall there was aaanooootheeeerr,
A family, a hooome, a hooooouuuuseeeee
And I was in the eeend of counts
The looovee of the freeeee hoooouuuurs


Não contente com esta versão, explorei hipóteses alternativas. Ora vejam:

Finaaalmeeeent, il y avait uuneee aaauuutreeee
Et moi sans rien savoir
Je sooouuuriiaaaaaiiit

Et pour lui j’étais foooolleeee
Pour être saaa feeemmee, un jooouuur

Finaaalmeeeent, il y avait uuneee aaauuutreeee
Une faamiiille, un foyeeer, une maaaisoooon,
Et j’éeetaaais aau fiiin des cooompteeees
L’aamooour dees heeeuureees vaaaaagueees

quarta-feira, setembro 01, 2004

Olhou-se ao espelho. Demoradamente. Tudo parecia diferente, errado. Não era suposto ser assim. Não obstante as múltiplas e infindáveis advertências que tinha recolhido ao longo dos tempos, conselhos de amigos preocupados, não foi capaz de se preparar mentalmente para o que tinha à frente dos seus olhos. Felizmente ainda tinha cara de puto.

Pareço um pinguim, disse alto, de si para si.