sexta-feira, dezembro 30, 2005

Numa pessoa – ser misterioso até fica bem. Provoca um certo interesse, vontade de escarafunchar e perceber o que vai naquela cabeça. Agora, se aquilo que parece misterioso à primeira vista é, de facto, falso ou cínico, dissimulado, aí é que a porca torce o rabo, a graça vai-se logo toda.

Na política, a presença de qualquer um destes adjectivos é indesejada, nem sequer o mistério tem charme. Isto é que o Partido Socialista devia perceber. Não basta ser um partido de pseudo-esquerda, é preciso mesmo sê-lo. Porque foi isso que venderam a quem nele votou.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Os ouvidos humanos – porque são limitados, os pobrezinhos, não notam a diferença. O formato MP3 para ficheiros de música explora ao máximo essa limitação: para quê uma gama de sons tão grande se, no final de contas, de nada serve? Entretanto, é possível ter um ficheiro mais pequeno e, por isso, mais prático, que cumpre a mesma exacta função.

O mesmo é aplicável aos sistemas de som analógico e digital. O primeiro é mais cheio, mais completo, mais quente que o segundo. O sistema de som analógico consegue reproduzir uma gama de sons maior do que o digital, a onda de som têm um espectro maior.Embora terrivelmente pouco prático também quando comparado com o segundo. Quem tem pachorra para o colocar a agulha, para ouvir sempre um disco de uma ponta à outra e não poder escolher a faixa?

Ganhou-se em comodidade. O CD é terrivelmente prático. Uma invenção notável. Mas perdeu-se no romantismo que exista nesse antigo ritual do gira-discos. Sinto sobretudo um certo saudosismo em relação àquele ruído de fundo que a agulha faz quando entra em contacto com o vinil, aquela “batatinha frita” que estaleja por detrás da música.

Recentemente, a minha aparelhagem conseguiu juntar o melhor de dois mundos. Continua a ser um leitor de CD’s com toda a comodidade que lhe está associada. Mas, porque já tem uns anitos valentes em cima, começou a fazer um ruidozinho de fundo, que se percepciona melhor quando não há nada a tocar.

É como ter a batatinha frita num moderno leitor.

terça-feira, dezembro 27, 2005

My hero

Há quem tenha o condão - de colocar sobre os outros o peso do seu nervosismo, a incapacidade de lidar com as responsabilidades e o medo das expectativas frustradas. Já não bastava ser um fumador passivo, ainda tinham que fazer de mim um stressado passivo.

domingo, dezembro 25, 2005

E o que é – essa coisa de um ano novo cheio de luz?

sábado, dezembro 24, 2005

Não sou – um vendido. Não me portei bem só para ter mais prendinhas no sapatinho hoje.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Sem dúvida alguma - que era bem mais versado no Use Your Illusion do que nos outros álbum. Uma coisa leva à outra e conheci alguns dos anteriores. Um deles tinha aquela canção chamada Patience, a puxar para o meloso, em que o tipo assobiava interminavelmente no início.
E depois havia outra divertida. Estranha. Macabra. Acerca dum tipo que sentiu necessidade de matar a sua própria cadela e enterrá-la no quintal. É claro que havia sempre a possibilidade de interpretar de outra forma, aceitando o trocadilho, o jogo de palavras implícito em “bitch”. Era o I used to love her que prosseguia com but I had te killa her.

A última vez que ouvi, volvidos uns quantos anos, veio-me à cabeça o ritual do sal nas costas da mão e da rodela de limão depois de emborcar o pequeno mas potente copo.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

A má – é que está aí o Inverno. Estou a exagerar. Eu até gosto do Inverno. Há um certo encanto na chuva e no cheiro a terra molhada, nos dias cinzentos em que as gostam escorrem lentamente para o chão. Há um certo encanto no frio, no conforto das lareiras e nos casacos apertados.

terça-feira, dezembro 20, 2005

A boa notícia – é que, a partir de agora, os dias são sempre a crescer.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Vira o disco. Mas não toques o mesmo.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Acho piada - aos comentadores de debates quando entram por aquelas considerações das estratégias e de quem terá ganho ou perdido. Eu, na minha qualidade de eleitor, acho que quem perde sempre é quem vai fazer a cruzinha ao domingo. Seja com debates à moda antiga, seja estes espartilhados com cronometro e sem possibilidade de diálogo.
Em como – os outdoors de Natal da Triumph são um verdadeiro atentado à segurança rodoviária.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Estive no - Madame Tussaud’s há cerca de uns oito meses e jurei para nunca mais. Muito caro. Sobretudo, tendo em conta que a maioria dos museus em Londres é à borla. Mas agora, sinto necessidade de rever essa minha afirmação. Às vezes, precipitamo-nos e dizemos algo que, mais tarde, nos torna numas Madalenas-Arrependidas. O futuro prova-nos errados.

Porra, em causa está o Mourinho, pá!

domingo, dezembro 11, 2005

«In the pages that follow I shall bring forward proof that there is a psychological technique which makes it possible to interpret dreams, and that, if that procedure is employed, every dream reveals itself as a psychical structure which has a meaning and which can be inserted at an assignable point in the mental activities of the waking life. I shall further endeavour to elucidate the processes to which the strangeness and obscurity of dreams are due and to deduce from those processes the nature of the psychical forces by whose concurrent or mutually opposing actions dreams are generated. »

Sigmund Freud, The Interpretation of Dreams

sábado, dezembro 10, 2005

É provável – que sessões fotográficas a guitarras sejam, de facto, “happenings” só compreensíveis a cromos janados como eu. Reconheço. Enfim, de qualquer das formas, apresento-vos a minha menina. Uma delas, uma delas. Sim, há mais. Mas esta é a dos meus olhos, confesso.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Uma coisa é certa. Não há margem para desculpas. Dificilmente poderia ter saído um grupo mais fraco. A começar pelo México, talvez a pior equipa do pote dos cabeças de série, passando pelo Irão e acabando no Mantorras. Que, tendo em conta aquele joelho, pode revelar-se uma ameaça pouco credível. Para além disso, na metade superior do sorteio não estão equipas como o Brasil e a Itália. Nem sequer os EUA ou a Coreia do Sul por perto, para que nos passasse pela cabeça protagonizar outra tragédia de faca e alguidar.

Não passar do grupo será uma desgraça.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Ninguém pára – o Benfiiica, ninguém pára o Benfiiica, ninguém pára o Benfiiica oh lé oh lé oooohh.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Eu era feliz - na Índia. A comer caril todos os dias. Mascarado de vaca para ter prioridade em muitos aspectos da vida. Pronto, e a folhear o Kama Sutra de vez em quando.

terça-feira, dezembro 06, 2005

A OMS – vedou a contratação para os seus quadros a indivíduos que fumem. Mesmo que apenas esporadicamente. E reservou, para aqueles que tentarem ludibriar os recrutadores da Organização, uma série de penalizações e castigos.

Até percebo a lógica e percebo que seja o tabaco o inimigo púbico número um. Porque é aquele que provoca danos não só ao utilizador mas também a toda a gente que grama com o fumo e nem sequer chega a dar umas passas.

Mas não consigo evitar pensar onde pode ser traçado o limite para este novo modelo de “contratação saudável”. Porque é muito difícil definir até onde pode ir a escalada de exigência. E porque nem toda a gente está disposta a abdicar dos prazeres desta existência terrestre, mesmo que a custo de alguns anos de esperança média de vida.

No limite, limite este muito exercício pseudo-académico (e espero que assim permaneça), concorrer a um emprego implica não beber álcool, fazer no mínimo exercício três vezes por semana, não comer gorduras nem fritos, comer verduras e sopinha, beber litros de água por dia, andar a pé para o trabalho, comer sempre a horas certas e rotineiras, obrar a horas certas para educar o intestino.

Já chega, não chega?

segunda-feira, dezembro 05, 2005

As nuvens - dos teus cabelos foram-se. Ficou o céu azul dos teus olhos.
Porque é que – ninguém, no seu perfeito juízo, gosta de ouvir a gravação da sua própria voz?

domingo, dezembro 04, 2005

Uma semana - e uns dias depois, seis voos e uma catrefada de horas de avião, 2000 e tal quilómetros de jeep em cima, milhares de fotografias para descarregar, dois glaciares no currículo, cabanas, pinguins, vértebras de baleia, vegetação, frio, imensidão, deserto, Chile, Argentina, Patagónia, Ushuaia e o diabo a sete, a minha irmã chegou há bocado a casa.

Entretanto, também uma semana e uns dias depois, mas milhares de páginas, milhentos exercícios resolvidos, outras tantas exclamações e eurekas, uma boa dose de stress, resmas de papel de rascunho, três ou 4 canetas gastas, litros de café, horas sentado à secretária, vontade de esganar o homem das obras que assobia alto e os cães que ladram, dezenas de CD’s reproduzidos, e ainda não acabei de estudar.

Está quase. Seja qual for o resultado.

sábado, dezembro 03, 2005

Em como - consigo perceber muito melhor micro com o Requiem de Mozart do que com o Lucena.
Tenho sempre - uma grande dose de cepticismo a relativamente a greves de fome. Acho-as pouco credíveis. Não sei porquê mas, tirando o Ghandi, acho que todos os que a praticam comem umas buchas nos intervalos em que os holofotes não incidem sobre eles.

E porquê greves de fome? Não deviam ser antes greves de comida…?

sexta-feira, dezembro 02, 2005

One down, one to go.
Era naquela cave forrada a cortiça – ao fundo do corredor da escola em São João, que o Vasco nos dava aulas de formação musical. Na altura, ele estava na Escola Superior de Música e tentava transmitir algum do entusiasmo dele com o que ele próprio ia aprendendo.

Foi ele que me explicou a genialidade do Wagner: tocou os acordes iniciais do Tristão e Isolda e comparou-os com as cadências que tradicionalmente se faziam na época para iniciar óperas. Foi ele que apresentou ao Mahler. Foi ele que um dia nos fez um ditado melódico com o terceiro andamento, o Poco Allegretto, da terceira sinfonia do Brahms.

Esta semana chegou a minha casa um álbum da Deutsche Grammophon com o integral das sinfonias do Brahms, tocadas pela Berliner Philharmoniker, dirigida pelo Karajan. Comprado na Amazon, um preço fantástico para um duplo CD. Passei o dia de hoje todo deliciado a ouvi-lo.

Depois, senti necessidade de remexer na estante. Na minha mão está agora o Supernatural, o álbum do Santana que arrecadou uma série de Grammies e foi um grande sucesso. Não, não vou aqui discutir o que eu acho do Santana nem porque acho que ele é um bocado azeiteiro.

Dou todas as voltas possíveis e imaginárias ao panfleto do CD. Estão cá as menções a todos os artistas que participaram, convidados especiais como Eric Clapton, Rob Thomas, Eagle-Eye Cherry e Lauryn Hill. Mas não está uma menção incrivelmente importante.

Concretamente, falo da terceira faixa, aquela que conta com a presença do Dave Matthews. A música chama-se Love of my life e é, à excepção de algumas figuras rítmicas, um plágio do andamento do Poco Allegretto do Brahms. Nem uma referência a esse facto.

Eu sei que não há direitos de autor envolvidos, o Brahms bateu a caçoleta há tempo suficiente para os direitos estarem mais do que caídos no domínio público. Penso que têm uma duração na casa dos cinquenta anos.

De qualquer das formas, num CD repleto de dedicatórias de gosto discutível, não custava nada acrescentar uma mais do que merecida

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Já repararam - que os nomes dos continentes começam todos por vogais?