sexta-feira, agosto 29, 2003


Música – Realmente, estou bastante mais dentro da música do que qualquer outra forma de arte. Se bem que também goste de teatro, cinema, pintura, fotografia, entre outros. Mas há qualquer coisa em relação aos sons que me fascina, um je ne sais quoi...

Vai daí pôs-me a pensar nisso. Sim, porque às vezes dá-se o acontecimento de me pôr a pensar. E talvez tenha encontrado uma justificação. Não sei se é válida, não sei se justifica seja o que for, nem sequer sei se mais alguém se sente identificado com ela. Querem saber? Cá vai alho no próximo parágrafo.

Porque há uma componente física que é exclusiva da música. As ondas sonoras atingem-nos. Sentimos a sua vibração. Tocam a pele, agitam as entranhas, afagam e acariciam a cara.

Um quadro pode-me fascinar. Posso ficar minutos a fio a olhar para ele, a perder-me nos seus contornos. Porém, não me lembro de alguma vez ter sentido um arrepio daqueles que sobem pelas costas e explodem até aos limites da pele dos braços, do couro cabeludo, das pernas, como se um batalhão de formigas percorresse incansavelmente o corpo, de uma ponta à outra. Enquanto que a ouvir música, é constante.

Com todo o respeito, que me desculpem os actores, cineastas, pintores, fotógrafos. Mas não consigo evitar que a música prevaleça em mim.