Coincidências – Coisas banais, simples que em nada (pelo menos aparentemente) vão influir na nossa vida. Mas que, por vezes, nos fazem parar um bocadinho para esboçar um enorme sorriso.
O meu avô sempre foi um aficcionado por automóveis. O último que comprou, salvo erro, no distante ano de 1990, foi um Peugeot 405. Era um carro bem jeitoso para a altura. Já tinha vidros eléctricos, direcção assistida e ar condicionado. Um dia contou-me a tarde em que lhe foram entregar o carro a casa. A primeira coisa que fez foi enfiar a cabeça dentro da porta e admirar. Depois de percorrer o tablier, os seus olhos depararam-se com um mostrador onde se lia 405. Achou engraçado aquele toque de personalidade do veículo. Porém, quando, passados alguns momentos, olhou novamente para o mostrador, já não foi 405 que viu mas sim 406. E só depois percebeu que aquilo que ali estava indicado era 4.06pm. Achou um piadão à coincidência, como achava a tantas outras coisas.
No dia em que fiz 22 anos (ainda sou um puto, eu sei) fui a Lisboa buscar a minha carta internacional de condução ao Automóvel Club de Portugal. Entrei na salinha do atendimento geral e tirei a minha senha. Sentei-me um pouco no sofá e esperei. Estava a demorar mais do que no dia em que lá tinha ido para a fazer. E, de repente, saltou-me à vista. Na minha senha lia-se D-22.
Soltei um enorme sorriso e lembrei-me de ti, Alferes Sousa, com a nitidez que só a saudade permite.
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