Haja esperança - Tudo começou com um aparentemente inocente texto numa solarenga manhã de domingo, em pleno verão. Apesar de o prazer de escrever aquelas linhas ter sido incrivelmente intenso, ainda estava demasiado no início para sentir o efeito em toda a sua potência. De tal forma que aguentei perfeitamente bem até ao dia seguinte, altura em que me sentei a escrever o segundo. E depois do segundo, veio o terceiro. E o quarto. Quinto. E, quando parei um pouco para olhar para mim, dei conta que já não conseguia parar, os meus dedos estavam literalemente em total fusão com o teclado, formavam a mesma entidade física, tal qual gémeos siameses.
E foi aí que os meus problemas começaram. O prazer transformou-se progressivamente em obsessão, passava os dias a pensar em palavras, frases, ideias, cheguei a ter um pequeno caderninho que andava sempre comigo para todo o lado e onde podia anotar o que me passava pela cabeça antes que me esquecesse. As noites passaram a ser invadidas por pensamentos soltos que, invariavelmente, me atiravam da cama para o sítio mais próximo onde houvesse uma folha de papel; não dormia a pensar no que ia escrever no dia seguinte.
É triste, senhoras e senhores, mas fui uma vítima da blogodependência. Felizmente já ultrapassei a fase da negação e, olhando para trás, sou capaz de ver o quanto errei, o mal que inflingi aos meus dedos e ao meu corpo, os problemas familiares, as amizades destruídas, os rios de dinheiro e tempo investidos.
Porém, há, por obra e graça do espírito santo, quem me ajude a resolver este grave problema. Por isso o divulgo aqui hoje. Para lançar um apelo. Se algum de vós, caros blogoespectadores, se sentir a entrar nesta espiral de evolução destrutiva, fique sabendo que há uma saída viável que lhe pode devolver a sua antiga vida. Tudo o que é preciso é não perder a esperança.
A minha vontade de lançar aqui este apelo prende-se com a crescente incidência deste fenómeno sobre a população estudantil. Pegue-se, por exemplo, no caso destes dois jovens que completam o seu Erasmus em Maastricht, e que, recentemente, se viram envolvidos nas malhas do bloguismo: o Gonçalo com o seu Tubaralho e o Luís com o Discurso Descontínuo. Há poucos dias tiveram o seu primeiro contacto com este flagelo e, desde então, nunca mais foram os mesmos, tal não é a intensidade com que se enredam nas malhas desta dependência.
Resta dar o meu apoio incondicional.
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