segunda-feira, setembro 29, 2003


Queixinhas - Ai, filho, qu`isto agora anda tão mau... É uma desgraça... Não vês as fábricas na televisão a fechar? Não vês as pessoas que são despedidas? O desemprego a aumentar a cada dia que passa? Jovens da tua idade que acabam o curso e não conseguem arranjar emprego, a não ser tirar fotocópias ou como caixa num supermercado?E os desgraçados que ganham um salário mínimo? É uma miséria. Se quiserem ter filhos vão passar a vida a contar os tostões.

Isto anda mau...!?! Comparado com quê, se nunca vi niguém dizer que alguma vez esteve bem? Por vezes, este queixismo tipicamente português irrita-me. É fado, é destino, é o fatalismo. É um negativismo contagioso que mina o progresso. Não é construtivo, é puramente destrutivo, quase como se nascesse duma frustação tão grande, fruto dum facto negativo consumado, e que só se contente em deitar abaixo.

Aceito que agora se diga que não estamos propriamente na mó de cima, da mesma forma que aceito que digam que temos uma série interminável de problemas económicos e sociais estruturais, momentaneamente agravados por outros temporários relacionados, em grande parte, pela conjuntura económica mundial. Mas algum dia, forçosamente, alguma coisa tem de melhorar. Nem que seja só na parte conjuntural, uma vez que continua a parecer que o estrutural fica sempre para resolver depois.

Conclusão: Aprendam a criticar. Primeiro começa-se por dizer os pontos positivos, e só depois se parte para o que necessita ser melhorado (atenção: reparar que não disse pontos negativos). É muito melhor e facilita tanto... E não é nada difícil de o fazer.

Eu sei que é muito nosso, mas só dizer mal é tão feio e, sobretudo, tão cobarde...