segunda-feira, outubro 06, 2003

Padrões - O único canal passível de se ver no último bastião do Império Colonial Português para um luso-falante tinha uma grelha exclusivamente centrada em programas que haviam sido transmitidos há muito na metrópole. Porém, dada a inexistência de alternativas, teve de servir.

Um desses ditos programas, do qual não me lembro o nome, era apresentado pelo Maestro Vitorino de Almeida. O objectivo era divulgar e fomentar as pequenas filarmónicas que, felizmente, grassam pelo rectângulo à beira mar plantado. Para tal, eram submetidas a um concurso: tocavam e eram avaliadas por um júri. Não me recordo de todos os elementos mas recordo-me do Maestro António Calvário.

Porquê? Um dia, deu à costa um agrupamento que deixava muito a desejar. Desde a afinação até à escolha de repertório. E foi sobre esta última que a crítica incidiu forte e feio. E ele, em questão de críticas, não usa propriamente paninhos quentes. Segundo o Maestro, a sabedoria popular meteu a pata na poça. Os gostos discutem-se efectivamente.

E agora? Aquele que possua o padrão, a chave pela qual se interpreta a música, que permite diferenciar a boa da má, é favor dar um passo em frente e elucidar-nos. Porque enquanto há temas que facilmente catalogamos como de qualidade ou não, há outros em que a discussão é demasiado polémica.

Mas percebo perfeitamente o que ele quis dizer e acho que faz todo o sentido.