quinta-feira, outubro 30, 2003

Passatempos - Há um tipo ou uma tipa que passa uma tarde inteira para que lhe consigam vestir um fato com uns apetrechos que parecem lantejoulas, uma coisa verdadeiramente berrante, a começar pelos tons dourados do colete e a acabar no cor-de-rosa das calças. É suposto que esta pessoa entre na arena e, com um pano vermelho garrido num dos lados, atraia a atenção da besta e lhe faça umas fintas enquanto os espectadores, deliciados, batem palmas e soltam profundas exclamações de cada vez que o animal é enganado.

Antes desta parte, já houve quem abrisse caminho. A besta é devidamente cansada e ferida por um outro “ser humano” que, com o seu belo traseirinho torneado pelo mesmo tipo de calças e com um casaco mais comprido a fazer lembrar um fraque a levar para um baile máscaras, sentado num puro sangue, lhe vai espetando uns ferros compridos e vistosos no dorso que acaba, geralmente, bastante ensanguentado.

Há também aquele grupinho, encabeçado por um mais corajoso, que dá o corpo ao manifesto, e que aguenta com os cornos da investida de centenas de quilos movidas por quatro possantes patas, depois de atrair a atenção sobre si mesmo com uma espécie de palavras de ordem.

Em Espanha, isto ainda acaba melhor porque ao primeiro elemento que descrevi cabe a estocada final no já moribundo animal, com uma espada que esconde o tempo todo no referido pano.

Olé.