segunda-feira, outubro 27, 2003

Várias vozes, qual novos valores, usando aqui um pouco da linguagem do Poeta, se têm alevantado ultimamente para me acusar de me estar a tornar num verdadeiro netódependente. Não vou relevar nomes, não vou dizer que a minha irmã é a principal visada neste texto, não faz parte da minha personalidade apontar o dedo e lançar a pedra inicial à primeira Maria Madalena da esquina.

É bem possível que seja verdade, não nego, sou um bocado como aquela senhora chamada Alcina Lameiras (acho que era assim o nome dela) que, até há uns anos atrás, aparecia na televisão, primeiro vestida normalmente com as suas calcinhas, lá mais para o fim de mini-saia de cabedal, a dizer “não negue à partida uma ciência que desconhece” enquanto procurava aliciar o incauto telespectador a requisitar os seus serviços de astrologia através duma chamada telefónica para uma linha que funcionava 24 horas por dia. O que, a meu ver, significa que ou a mulher era sobredotada com uma capacidade de trabalho anómala ou tinha muitas amigas que também precisavam dum tacho para complementar a reforma.

Mas o que verdadeiramente interessa, a questão fulcral, o cerne, o busílis não é o facto de eu (e reparem bem como o assumo com toda a franqueza, sem rodeios) ser um netoólico (sim, estou ligado normalmente o dia inteiro...). A questão é descortinar qual ou quais os problemas de se padecer desta condição.

Já pensei nisso e não descobri inconvenientes. Aliás, aproveitei para elaborar uma pequena lista de vantagens. A saber: falo praticamente todos os dias com amigos com os quais, possivelmente, não falaria doutra forma; recebo e envio mails giríssimos; e, como não podia deixar de ser, escrevo estes textos para ver se os outros se divertem comigo como eu me divirto a fazê-los.

Anything else?