quinta-feira, novembro 20, 2003

Memória outra vez – E quem disse que não ter memória nenhuma era engraçado? Felizmente não fui eu. Isto porque acabei de ver o Christopher Nolan a passar hora e meia duas horas a procurar estabelecer a sequência lógica dos acontecimentos que a cabeça dele não consegue reter. Não é amnésia, eu só não consigo é criar memórias novas.

E que fazer se, passados dez minutos, nada do aconteceu nos é minimamente familiar? Escrever em papéis, tirar Polaroids a pessoas, tatuar o corpo com as informações mais relevantes e importantes. A partir daí, tentar recuperar, apanhar o fio à meada de cada vez que se acorda da letargia e perceber porque se está num dado local a uma dada hora.

O problema é quando uma acção altera para sempre o rumo de tudo. Uma pequena grande decisão num momento isolado pode condicionar para sempre tudo o que fazemos a partir daí. Porque se o escrevemos, então passa a ser a verdade para nós, quando não queremos aceitar a verdadeira verdade. E nunca se duvida do que está escrito, é um facto. E os factos não podem ser distorcidos, enquanto as memórias o são facilmente.

Ainda não viram o “Memento”?