sexta-feira, fevereiro 06, 2004

O ano da cavala – começou a surgir, de um dia para o outro, nos órgãos de comunicação social quando deflagrou o incêndio “Casa Pia”. Repetida até à exaustão por aqueles que foram inicialmente implicados pelas reportagens incriminadoras, recheadas de testemunhos comprometedores. Depois foi a vez de sua excelência, a presidente da câmara de Felgueiras. Seguiu pelo mesmo caminho, disparando o vocábulo a torto e a direito, para quem tivesse a santa paciência de a ouvir.

Segundo os alegados criminosos, tudo não passava de meros boatos, tentativas de destruir o seu bom-nome, possivelmente, por motivos de inveja, ao que parece, o pecado mortal que mais singra neste país. De tal forma assim o afirmam, que proponho aqui uma ligeira alteração dos cânones da sabedoria popular, corrigindo o provérbio para “mais depressa se apanha um invejoso que um coxo”.

A situação mais engraçada foi a protagonizada por um popular que, a propósito da prestação de declarações por parte de Herman José e consequente aplicação do termo de identidade e residência, se referiu ao assunto como uma autêntica “cavala”. Porventura uma reminiscência ao mais famoso peixe da nação, aquele cherne da família dos Barroso.

A palavra, essa, não tem culpa nenhuma, ninguém, no final de contas, lhe ligou peva. Fica aqui a minha singela homenagem. Segundo a Porto Editora, “cabala” é a «interpretação alegórica do Velho Testamento, entre os antigos Judeus; espécie de ocultismo». Figurativamente, a vertente que aqui nos interessa: maquinação, intriga, conluio.

Mal sabiam os hebreus o sucesso que ia ter, por estas bandas, a sua invenção.