terça-feira, março 09, 2004

Papel – Longe vão os tempos em que distinção entre imprensa de referência e a de sucesos, como diriam os que hablán castelhano, saltava à vista pelo formato, tamanho do papel empregue. Os jornais que se queriam afirmar como sérios tinham de se apresentar ao público com uma broadsheet. Ou seja, os lençóis eram sinónimo de qualidade, atestavam-na.

Porém, o pragmatismo assim o exige, a pouco e pouco, os consumidores foram deitando por terra essas exigências de diferenciação pelo grande porte. Um Diário de Notícias tem agora o mesmo tamanho dum qualquer tablóide e continua a apostar em destacar-se como uma publicação de qualidade. Na cena portuguesa, ao que tudo indica, apenas um jornal permaneceu grande ao ponto de lhe pudermos dar uso como jogo de cama.

Porque será que o Expresso não acompanhou os outros? Possivelmente porque, enquanto essoutros saem durante a semana, altura em que a esmagadora maioria dos portugueses têm de exercer uma qualquer actividade remunerada ou estudar, não era nada prático ter de andar com um grande matacão debaixo do braço. Menos ainda, parar na rua ou no banco para o abrir, consumindo doses maciças de espaço no acto.

O semanário de Pinto Balsemão é comprado ao fim-de-semana. Os seus leitores lêem-no, normalmente, num dia que não é de actividade laboral: em casa, na esplanada, etc. Talvez por isso, a necessidade de ser mais prático não fosse tão premente.

Mas que continua a ser chato aquele tamanho de papel todo, continua.