domingo, março 28, 2004

Têm-me perguntado a razão da distinção que faço entre música e jazz nos links que, pacientemente, tenho vindo a acrescentar nos últimos dias (já agora, que tal estão, que tal estão…?). Não querendo que uma só alma fique com uma dúvida por muito pequena que seja, cá vai a minha explicação. Sentem-se confortavelmente, pés para cima, relaxem e… boa sorte.

Paralelos – A essência da maioria do jazz é só uma: criar uma estrutura fixa, rígida, a harmonia da música, sobre a qual é permitido aos solistas dar azo à sua imaginação, improvisar a melodia que ouvimos. É como se fosse criado um suporte, uma rede de segurança para podermos experimentar as loucuras, os voos que quisermos sem correr o risco de uma queda fatal.

Não quero, com o que disse, colocar o jazz numa posição de superioridade em relação ao tantos outros estilos, longe de mim. Apenas pretendo diferenciá-lo, expor a sua particularidade, a sua idiossincrasia. Aliás, quem o conhece bem, sabe perfeitamente isto que vou dizer agora: sendo ele um tipo que adora ouvir coisas diferentes e retirar o melhor de cada para aplicar em si mesmo, não é, de todo, adepto de etnocentrismo.

A minha abordagem é, no entanto, outra. A grande diferença do jazz reside numa similitude. Estranho? Nada disso. Ou não planeássemos em linhas gerais as traves mestras que vão orientar a nossa existência de acordo com os nossos sonhos e ambições. Os acontecimentos, esses, ocorrem ao sabor do vento e de acordo com a nossa disposição do momento, a inspiração que nos pode ajudar ou atraiçoar. Acima de tudo, somos uns improvisadores natos, com as armas que nos foram fornecidas pela Natureza.

E, por isso, o coloquei fora da categoria “música”. Porque é também uma forma de vida.