sábado, abril 24, 2004

A perda – Era comprido, cinzento, com umas riscas azuis e verdes na largura, em pontos estratégicos. Lindo. De uma lã muito fofinha. Aquecia-me as manhãs frias de Inverno quando tinha de me levantar cedo, ou as noites quando ia dar uma volta.

Até que um dia acordei e ele não estava lá. Desapareceu. Sem deixar rasto. Sem dizer água vai. Saiu da minha vida sem uma só palavra, uma só justificação, uma explicação que me confortasse os dias amargos que se seguiram.

Muita coisa passou pela minha cabeça. Até que comecei a ver tudo claro. Todas aquelas conversas de que eu tinha um adereço muito giro e mais não sei quê, não me queres emprestar e coisas do género. Cheguei à conclusão que só posso ter sido vítima dum roubo planeado, um crime premeditado ao mais ínfimo detalhe.

E levado a cabo com a frieza e a precisão de quem não olha a meios para atingir cachecóis.