domingo, abril 18, 2004

Profissionalismo – Pus-me confortável num daqueles bancos corridos de madeira que têm uns apoios óptimos para os pés. A cerimónia parecia prestes a começar, havia muita gente visivelmente nervosa no recinto. Às tantas lá apareceu a protagonista feminina, conduzida da porta até cá à frente por um gajo com idade para ser pai dela que rapidamente se desfez da sua mão e a atrelou ao protagonista.

Seguiu-se o parlapié. O tipo do fato branco lá começou a dizer as coisas dele, assim e assado. Tinha um grave problema. Era indeciso. Ora mandava levantar, ora mandava sentar, ora sentem-se ora levantam-se, ora cantem comigo, ora façam gestos rápidos à frente da cara e do peito.

Mas o que mais desgostei nele até nem foi essa questão. Foi o egoísmo. Não é que, a páginas tantas, toca de encher um copo todo catita com vinhaça e o despejar todo para o bucho, com umas palavras pelo meio, sem sequer se preocupar se alguém queria? Passado um bocado estava a oferecer hóstias. Olha, muito obrigado, hóstias também ofereceria eu, à campeão, à mãos-largas. Ainda por cima, a dizer que aquilo era corpo e mais não sei quê, uma coisa a virar para o canibal.

Eu não queria dizer porque afinal gostava que aquilo tivesse corrido bem. Felizmente, não fui o único a pensar que deu para o torto. Coitados dos protagonistas que queriam tudo a andar sobre rodas e afinal, acabaram por pedir o livro de reclamações e foram assiná-lo à frente do tipo de branco enquanto nós íamos saindo calmamente do edifício, não sem sentir alguma pena por eles.

É por isso é que este país não vai a lado nenhum!