quarta-feira, maio 26, 2004

Enforcamento – Diziam eles que um milhar de milhão e duzentos milhões de pessoas assistiriam ao acontecimento. Para uma visualização simplificada:

1.200.000.000

Ou seja, nada mais nada menos do que cerca dum quinto da população mundial. É o mesmo admitir que todos os cidadãos chineses meteram travão na sua azáfama diária e pararam em frente ao televisor a olhar para aquilo. Sem tecer qualquer tipo de comentário acerca da forma (optimista) como são calculados estes valores, enveredo por outro caminho.

O evento deve ter sido a maior fantochada dos últimos tempos. Quando penso em casamentos, penso em algo pessoal, íntimo. Ali, foi tudo filmado ao milímetro. Eu, Filipe das Não-Sei-Quantas aceito-te Letícia para seres minha esposa, beréubéubéu, pardais ao ninho. Pergunta: porque não prosseguir com a devassa pela noite de núpcias adentro? A cifra anterior aumentaria de certeza.

Realmente, é uma maravilha ser rei ou príncipe ou algo que se pareça. Um gajo não pode dar um traque sem lhe filmarem logo o traseiro. Deve ser por isso que eles são da família dos Borbon, ou lá o que é. O refúgio ao álcool deve ser o que os mantém de pé.

Aonde vai isto parar? O que interessa seja o que for o raio da cerimónia senão para os que se casaram e respectiva família? Será que todas as pessoas que perderam uma manhã grudados ao televisor não têm mais nada que fazer? Pão e circo, lá dizia o outro. A RTP, como sempre, em nome do “interesse público” resolveu juntar-se aos operadores privados e limitar ainda mais a já de si escassa escolha de programação diferente.