sábado, maio 15, 2004

Olha quem fala – Nunca digas nunca, não cuspas para o ar que te pode cair em cima, não digas desta água não beberei, não mandes pedras ao ar se tens telhados de vidro.

É verdade, a sabedoria popular já tem idade suficiente para se ter apercebido que as pessoas se revelam nas situações com que se deparam pela vida fora. Por isso, apetrechou-se de adágios como estes supracitados, para prevenir os incautos que certos e determinados comentários jocosos, proferidos em certa e determinada época, podem sair disparadíssimos pela culatra na próxima.

Sim, porque se há efeito do qual essa coisa do amor e dos beijinhos se pode gabar é de produzir, em certos e determinados dos que padecem dessa condição, enormes faltas de concentração, de tal forma que parecem não prestar a mínima atenção àquilo que lhes dizemos, bem como uma excessiva fixação no tema fulcral das suas existências de cada vez que abrem a boca que não seja para meter o escalope em beiças alheias.

Depois há os comportamentos idiossincráticos. O atender de telefone saltitante, inquiridor de local privado e fora de ouvidos aguçados, bem como o “olá” bem articulado e pronunciado que despoleta a conversa; o sorrisinho meio aparvalhado, estilo tenta-te Maria, não caias; os litros de café pela goela abaixo naqueles prédios espelhados ao pé do Rato.

Em suma: é aquele embevecimento que tudo revela, aquela cara que tudo espelha, aqueles olhos que a tudo cintilam. Uma leveza de passarinho que nos avançar com a denominação à altura daquela criatura que, quando de penugem branca, há quem use para simbolizar a paz.

E anda para aí tanta estátua suja… é uma vergonha!