terça-feira, junho 01, 2004

Labreguice – Quando era miúdo, lembro-me que em todo e qualquer conflito havia sempre os “bons” e os “maus”. Desde os velhos westerns até aos arrufos e brigas de recreio entre chutos na bola e jogar à apanhada, era relativamente fácil e essencial atribuir uma classificação. Difícil era entender posições intermédias ou algo que vagamente desse a entender não se enquadrar na catalogação. Havia também aqueles argumentos muito bons. “Foi ele que começou”, “nós é que somos os bons da fita, não fizemos nada de mal” e “se não estás comigo é porque estás contra mim”.

Tendo em conta ao estágio da evolução mental e física em que me encontrava quando achava normais as situações supracitadas, é com bastante desprezo e com uma vontade de rir que só não se concretiza devido à seriedade do assunto que oiço uma comunicação à imprensa por parte do senhor que ocupa a Presidência dos Estados Unidos. Do Eixo do Mal à presumida superioridade moral da democracia americana, está lá tudo.

Já caí várias vezes no, e permitam-me a redundância seguinte, já vastamente difundido cliché de lhe chamar ignóbil ou tanso. Cada vez mais tenho a ideia de que o tipo até não deve ser assim tão labrego. Aliás, quero acreditar que assim é. Senão como se justifica que tenha conseguido ser eleito e se tem mantido até agora e levado a cabo os seus planos? Por muito básico e rudimentar que seja o seu discurso, o que é certo é que foi o suficiente para que conseguisse prosseguir com as suas políticas belicistas, proteccionistas e retrógradas com uma pinta que até assusta.

Sempre é melhor que a outra hipótese, a de que os labregos, afinal, são os eleitores.