sábado, julho 10, 2004

Infiltrados - Hoje vou falar de um dos maiores conhecimentos que foram transmitidos de geração para geração na minha família, embora, neste caso, só entre duas gerações, dada a natureza do invento em questão. Conta a minha mãe as grandes advertências que o meu avô lhe fez, quando tirou a carta, para o cuidado que se deve ter no momento em que temos um condutor de chapéu ou boina à nossa frente. “Foge deles!”

Da mesma forma que o caro leitor deve estar a pensar neste preciso momento que este desabafo é totalmente descabido e não merece a atenção que tão estoicamente lhe atribuí, pensei eu quando o maternal instinto me debitou o mesmo sapiente conselho, assim que chegou a minha vez de me fazer às estradas nacionais e internacionais.

Rapidamente, tive de dar o braço a torcer, a mão à palmatória. Os caríssimos leitores que sejam, concomitantemente, condutores, observem da próxima vez que o destino lhes presentear com a situação supracitada. Eu também não acreditava. Passei a ter de o fazer.

O estilo domingueiro com a famelga toda no veículo, a terceira a morrer que não permite passar dos 35 km/h mas permite a contemplação da paisagem, as súbitas hesitações e mudanças de sentido sem sinalização com travagens repentinas, as manobras perigosas nos sítios que não lembram ao menino Jesus.

Eles andam por aí a colocar em perigo os demais que usufruem do alcatrão. Têm, normalmente, carros impecavelmente lavados, tal não é a religião de balde e esponja ao fim-de-semana. E não se esqueçam que, se baterem por trás, não podem alegar absolutamente nada. É assim que eles operam.

Temam pela vossa segurança. Fujam dos chapéus.