sexta-feira, julho 23, 2004

Muito queijo - Durante anos foi o menino bonito da Luz. Um imprescindível, fazia parte da família da águia, ninguém pensava sequer a hipótese de saída como minimamente plausível. O expoente máximo terá sido, porventura, o célebre 6-3 contra o Sporting, jogo em que parecia estar endiabrado.

Mas saiu. Para os rivais. Aqueles que, supostamente, não gostavam dele. Quatro anos do outro lado da 2ª circular. Sempre que regressava à Luz, agora com a camisa às riscas verdes e brancas, era ver as claques vermelhas a entoar cânticos pouco dignos, insultuosos ao máximo.

Com as cores nacionais, que me lembre, e não é muito porque não costumava acompanhar de perto o desporto, foi importante no europeu belga e holandês, na qualificação para o mundial asiático. Em 2002 foi o jogador mais valioso do campeonato português.

Estragou tudo com a célebre cena de pugilato que o colocou nas aberturas de telejornais, primeiras páginas de jornais e capas de revistas durante largo período de tempo. A partir daí, tudo em queda.

Deixaram de gostar dele no Sporting. Foi para a rua. Acabou, agora, no clube de origem, como se fosse um aparelho que, após cumprir a sua função, fosse recambiado para o sítio donde veio. Depois de velho e gasto.

Isto faz-me confusão. Esta volatilidade vertiginosa do futebol. Como os heróis de hoje são trastes no dia seguinte. Será que no Benfica se esqueceram do que ele representava? Porque podiam ter-se despedido dele com um sinal de reconhecimento e respeito. Mas não. A memória teima em ser curta.

Nisto da bola, independentemente do passado, a regra máxima é ou estás connosco ou contra nós.