O complexo de inferioridade - Edifícios com tantos metros de altura, tantos quartos e mais não sei quê, maior biblioteca do mundo a seguir à biblioteca tal, o metro foi considerado dos mais eficazes do mundo, o Museu Russo tem não sei quantas obras.
Os russos vivem de números. Em certa medida, são extremamente parecidos aos americanos na sua luta por construir coisas grandes, como se fosse uma forma de colmatar a lacuna histórica e monumental de que parecem ressentir-se em relação à velha Europa.
Num país onde a fome e a miséria matavam a torto e a direito, os czares, sobretudo Catarina II, sempre cultivaram uma relação de absorção cultural em relação às grandes potências culturais europeias da época. O próprio Pedro o Grande fartou-se de passear pelo continente fora, vendo e aprendendo o que os outros faziam para depois levar para a terra dele.
No entanto, a transposição a uma escala maior. Exagerava-se na opulência. É este ambiente que se cheira em São Petersburgo. A colecção do Hermitage é, possivelmente, a mais completa do mundo logo a seguir ao Louvre. E, enquanto a deste último foi conseguida maioritariamente à custa dum tipo chamado Napoleão que roubava e pilhava obras de arte para a colecção da Josefina, a sua mais-que-tudo, a do museu da antiga Petrogrado foi conseguido apenas comprando.
Os palácios nas imediações da cidade põem a um canto outros sobejamente conhecidos a nível mundial, como Versalhes, por exemplo. Peterhof, Pushkin, são não só demonstrações da imperiosa necessidade de exibir riqueza, mas também de exteriorizar o quão profunda pode ser a vontade de suplantar os outros.
Resultado: São Petersburgo é uma cidade monumental, com muito para ser visto. Mas, a páginas tantas, começa a cheirar a demasiado.
Nem tanto à terra, nem tanto ao mar.
P.S. - imagine, caro leitor, que decide perder um minuto a ver cada objecto do espólio do Hermitage. Imagine também que pretende usar oito horas por cada dia nas suas visitas. Fique sabendo que só passados quinze anos terá terminado de ver tudo.
Os russos vivem de números. Em certa medida, são extremamente parecidos aos americanos na sua luta por construir coisas grandes, como se fosse uma forma de colmatar a lacuna histórica e monumental de que parecem ressentir-se em relação à velha Europa.
Num país onde a fome e a miséria matavam a torto e a direito, os czares, sobretudo Catarina II, sempre cultivaram uma relação de absorção cultural em relação às grandes potências culturais europeias da época. O próprio Pedro o Grande fartou-se de passear pelo continente fora, vendo e aprendendo o que os outros faziam para depois levar para a terra dele.
No entanto, a transposição a uma escala maior. Exagerava-se na opulência. É este ambiente que se cheira em São Petersburgo. A colecção do Hermitage é, possivelmente, a mais completa do mundo logo a seguir ao Louvre. E, enquanto a deste último foi conseguida maioritariamente à custa dum tipo chamado Napoleão que roubava e pilhava obras de arte para a colecção da Josefina, a sua mais-que-tudo, a do museu da antiga Petrogrado foi conseguido apenas comprando.
Os palácios nas imediações da cidade põem a um canto outros sobejamente conhecidos a nível mundial, como Versalhes, por exemplo. Peterhof, Pushkin, são não só demonstrações da imperiosa necessidade de exibir riqueza, mas também de exteriorizar o quão profunda pode ser a vontade de suplantar os outros.
Resultado: São Petersburgo é uma cidade monumental, com muito para ser visto. Mas, a páginas tantas, começa a cheirar a demasiado.
Nem tanto à terra, nem tanto ao mar.
P.S. - imagine, caro leitor, que decide perder um minuto a ver cada objecto do espólio do Hermitage. Imagine também que pretende usar oito horas por cada dia nas suas visitas. Fique sabendo que só passados quinze anos terá terminado de ver tudo.
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