O ópio do povo - Alexandre é o nome do nosso guia em Moscovo. Alto, cabelo rapado e com entradas, corpulento, com uns dentes muito finos, mais finos que o espaço entre eles. Mais tarde, disse-nos que tinham aquele aspecto porque estavam em processo de arranjo; a assistência médica dentária deixou de ser à borla.
O seu pai era do Partido Comunista, no anterior regime. Concomitantemente, como aliás, a maioria dos militantes, era cristão, o que, obviamente, para algo contraditório. Nesta luta ideológica, por vezes vencia o socialismo, por vezes a ortodoxia. Se em público os militantes tinham uma postura anti-religião, não era por isso que os respectivos filhos deixavam de ser baptizados e eles de assistir ao culto. O pai de Alexandre fez questão de o baptizar e ninguém o censurava por isso. Todos os faziam.
Em Moscovo, existiam mais de 300 igrejas antes da Revolução de Outubro. Depois de Lenine e companhia assumirem as rédeas, o número baixou para menos de um terço. A destruição dos edifícios era prática comum, uma forma de subjugar que, ainda hoje, subsiste: nos tempos que correm, caem os prédios ligados ao regime anterior. Em Kiev, houve mesmo um refeitório anexo a uma capela que foi transformado em museu do ateísmo. Não brincavam em serviço.
Estas coisas não duram sempre. E, desde a queda da U.R.S.S., está em voga a reconstrução, renovação ou mesmo construção de raiz de igrejas. Uma das que foi feitas na década de 90, para grande espanto meu que, quando a vi, pensei que estivesse lá há que tempos, é a de Cristo Redentor, bem no centro de Moscovo, ao lado do Museu Russo (na fotografia). Em São Petersburgo, a do Sangue Derramado foi toda arranjada por dentro e, à boa maneira iconográfica ortodoxa, tem quilómetros quadrados de mosaicos nas paredes. Verdadeiramente impressionante.
Não há fome que não dê em fartura. Os anos de repressão parecem ter produzido um povo extremamente devoto, fervoroso, que povoa as igrejas, de vela na mão, entoando os seus cânticos. No verão, os casamentos sucedem-se uns aos outros.
O seu pai era do Partido Comunista, no anterior regime. Concomitantemente, como aliás, a maioria dos militantes, era cristão, o que, obviamente, para algo contraditório. Nesta luta ideológica, por vezes vencia o socialismo, por vezes a ortodoxia. Se em público os militantes tinham uma postura anti-religião, não era por isso que os respectivos filhos deixavam de ser baptizados e eles de assistir ao culto. O pai de Alexandre fez questão de o baptizar e ninguém o censurava por isso. Todos os faziam.
Em Moscovo, existiam mais de 300 igrejas antes da Revolução de Outubro. Depois de Lenine e companhia assumirem as rédeas, o número baixou para menos de um terço. A destruição dos edifícios era prática comum, uma forma de subjugar que, ainda hoje, subsiste: nos tempos que correm, caem os prédios ligados ao regime anterior. Em Kiev, houve mesmo um refeitório anexo a uma capela que foi transformado em museu do ateísmo. Não brincavam em serviço.
Estas coisas não duram sempre. E, desde a queda da U.R.S.S., está em voga a reconstrução, renovação ou mesmo construção de raiz de igrejas. Uma das que foi feitas na década de 90, para grande espanto meu que, quando a vi, pensei que estivesse lá há que tempos, é a de Cristo Redentor, bem no centro de Moscovo, ao lado do Museu Russo (na fotografia). Em São Petersburgo, a do Sangue Derramado foi toda arranjada por dentro e, à boa maneira iconográfica ortodoxa, tem quilómetros quadrados de mosaicos nas paredes. Verdadeiramente impressionante.
Não há fome que não dê em fartura. Os anos de repressão parecem ter produzido um povo extremamente devoto, fervoroso, que povoa as igrejas, de vela na mão, entoando os seus cânticos. No verão, os casamentos sucedem-se uns aos outros.
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