22 de Setembro – o dia mais sui generis do ano. Uma espécie de feriado nacional solenemente decretado. Porque das pessoas que normalmente conduzem, a maioria resolve não sair da cama. Numa operação de charme do mais absurdo e ineficaz que pode existir, tentam-se convencer automobilistas a deixar as furgonetas fora da cidade durante todos os outros dias normais do ano.
Todos os outros dias do ano – milhares de pessoas usam transportes públicos. Em particular, sou utente da CP, Linha de Cascais. Entro na estação de São João, a quarta a partir de Cascais. Nesse momento, às 8h00, já todos os lugares estão ocupados e há cerca de 20 a 30 pessoas que têm de ir em pé. À chegada a São Pedro, muitos desses que não encontraram sítio onde sentar a bunda, entram noutro comboio que parte dessa estação e que faz as intermédias que o que sai de Cascais não faz porque é rápido.
Em São Pedro há muito espaço. Sento-me confortavelmente de livro em riste. Os passageiros da paragem seguinte, Parede, têm a mesma sorte que eu, ainda vão conseguir sentar-se. A partir da terceira, Carcavelos, as coisas fiam mais fininho. Têm de ir em pé, está tudo cheio. A partir de Oeiras ou Paço d’Arcos, imediatamente a seguir, a carruagem parece o metro na hora de ponta.
Quando ando de metro, ficar em pé não me chateia muito, as deslocações são normalmente curtas. Quando ando de comboio, já me chateia, são 25 minutos. Se a isso juntar o regresso, há muita gente que passa pelo menos uma hora em pé todos os dias em transportes.
Muitas das pessoas que usam veículo próprio fazem-no pelo conforto. Não têm de se preocupar muito com o dinheiro que gastam. Muitos nem sequer se importam de perder mais tempo presos no trânsito. Pessoalmente, este último problema é o principal motivador de não conduzir para o emprego.
Voltando ao fantástico “Dia Europeu Sem Carros”. Como estão estes cromos à espera de conseguir convencer as pessoas a ir de transportes públicos quando se encontram no estado que descrevi? O próprio verbo “convencer” parece-me errado. Se as condições fossem verdadeiramente boas, em termos de qualidade, rapidez, segurança, não seria preciso convencer ninguém.
Mais ainda: piorar o transporte particular para tornar o público relativamente melhor também não é muito correcto. O ideal é melhorar mesmo o público. Organizá-lo, modernizá-lo, torná-lo mais eficiente. Não é somente uma questão de deslocar pessoas, de planeamento urbanístico e defesa ambiental.
É uma questão de qualidade de vida e respeito.
Todos os outros dias do ano – milhares de pessoas usam transportes públicos. Em particular, sou utente da CP, Linha de Cascais. Entro na estação de São João, a quarta a partir de Cascais. Nesse momento, às 8h00, já todos os lugares estão ocupados e há cerca de 20 a 30 pessoas que têm de ir em pé. À chegada a São Pedro, muitos desses que não encontraram sítio onde sentar a bunda, entram noutro comboio que parte dessa estação e que faz as intermédias que o que sai de Cascais não faz porque é rápido.
Em São Pedro há muito espaço. Sento-me confortavelmente de livro em riste. Os passageiros da paragem seguinte, Parede, têm a mesma sorte que eu, ainda vão conseguir sentar-se. A partir da terceira, Carcavelos, as coisas fiam mais fininho. Têm de ir em pé, está tudo cheio. A partir de Oeiras ou Paço d’Arcos, imediatamente a seguir, a carruagem parece o metro na hora de ponta.
Quando ando de metro, ficar em pé não me chateia muito, as deslocações são normalmente curtas. Quando ando de comboio, já me chateia, são 25 minutos. Se a isso juntar o regresso, há muita gente que passa pelo menos uma hora em pé todos os dias em transportes.
Muitas das pessoas que usam veículo próprio fazem-no pelo conforto. Não têm de se preocupar muito com o dinheiro que gastam. Muitos nem sequer se importam de perder mais tempo presos no trânsito. Pessoalmente, este último problema é o principal motivador de não conduzir para o emprego.
Voltando ao fantástico “Dia Europeu Sem Carros”. Como estão estes cromos à espera de conseguir convencer as pessoas a ir de transportes públicos quando se encontram no estado que descrevi? O próprio verbo “convencer” parece-me errado. Se as condições fossem verdadeiramente boas, em termos de qualidade, rapidez, segurança, não seria preciso convencer ninguém.
Mais ainda: piorar o transporte particular para tornar o público relativamente melhor também não é muito correcto. O ideal é melhorar mesmo o público. Organizá-lo, modernizá-lo, torná-lo mais eficiente. Não é somente uma questão de deslocar pessoas, de planeamento urbanístico e defesa ambiental.
É uma questão de qualidade de vida e respeito.
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