domingo, setembro 19, 2004

“À medida que a Terceira Vaga penetra na nossa sociedade, o trabalho torna-se menos, e não mais repetitivo. Torna-se menos fragmentado, com cada pessoa a fazer uma tarefa um tanto maior, ao invés de menor. O horário flexível e o ritmo próprio substituem a antiga necessidade de sincronização maciça do comportamento. Os trabalhadores são forçados a habituar-se a mudanças mais frequentes nas suas tarefas, assim como a uma estonteante sucessão de transferências de pessoal, mudanças de produto e reorganizações.

Portanto, do que os patrões da Terceira Vaga necessitarão cada vez mais será de homens e mulheres que aceitem responsabilidade, que compreendam como o seu trabalho se encaixa no de outros, que sejam capazes de desempenhar tarefas cada vez maiores, que se adaptem rapidamente a circunstâncias diferentes e que estejam sensitivamente sintonizados com as pessoas que os rodeiam.

A firma da Segunda Vaga pagava frequentemente por um comportamento mourejante e burocrático. A firma da Terceira Vaga precisa de pessoas que sejam menos pré-programadas e mais ligeiras de pés. A diferença, diz Donald Conover, gerente da Corporate Education for Western Electric, é como a que existe entre músicos clássicos que tocam cada nota de acordo com um esquema predeterminado e preestabelecido, e improvisadores de jazz que, uma vez decidida a canção a tocar, captam sensitivamente pistas uns dos outros e, baseados nisso, decidem que notas tocam a seguir.

Tais pessoas são complexas, individualistas, orgulhosas do modo como diferem de outras pessoas. Tipificam a força de trabalho desmassificada de que a indústria da Terceira Vaga precisa.”

In A Terceira Vaga, Alvin Toffler