sexta-feira, setembro 10, 2004

Parideiras estatais - Resume-se a uma ideia muito simples. Pessoas que pertençam a uma dada religião crêem que a vida é criada e destruída de acordo com as determinações de uma qualquer entidade sobrenatural. Como tal, a decisão acerca de quem vive e quem morre é algo que não nos compete a nós, humanos.

Pessoas como eu pensam o oposto. Somos nós, meros e banais humanos que decidimos todos essas coisas. Quem vive e quem morre é resultado duma decisão nossa.

Considerar que, numa sociedade em que o aborto é legal, este seja praticado como prática anti-concepcional, parece-me, acima de tudo, insultuoso. Insultuoso sobretudo para o sexo feminino. As mulheres não abortam por desporto. Não abortam porque acham piada. Não é um acto que façam com um facilitismo que seria, no mínimo, obsceno. É uma decisão que consideram adequada em dado momento. Nunca é um first best, é sempre um second best.

Se exijo que ninguém mande no meu corpo não é porque outro é capaz de gerar vida que adquiro o direito de decidir sobre ele. O ventre duma mulher é dela, não é um espaço público, uma propriedade do Estado Português.