sexta-feira, outubro 15, 2004

“Quando a ouviu dizer que não era católica, embora cristã sim, a carinha redonda do padre empalideceu. Dando um pequeno saltinho, quis saber se isso significava que a senhora era protestante. Flora explicou-lhe que não: acreditava em Jesus mas não na Igreja, porque, no seu critério, a religião católica coarctava a liberdade humana devido ao seu sistema vertical. E as suas crenças dogmáticas sufocavam a vida intelectual, o livre arbítrio, as iniciativas científicas. Além disso, os seus ensinamentos sobre a castidade como símbolo da pureza espiritual exacerbavam os preconceitos que tinham feito da mulher pouco menos que uma escrava.”

In “O Paraíso na Outra Esquina”, Mário Vargas Llosa