quarta-feira, outubro 06, 2004

Um belo dia, andava eu algures parte incerta, a fazer não-sei-quê, quando me choveu a ideia de que há, por toda a parte, uma série de pessoas e de coisas que tiveram sucesso sem se perceber muito bem como nem porquê. Não sei se hei-de fazer disto uma rubrica qualquer coisa do tipo “estranhos casos de sucesso” ou se hei-de apenas chutar este texto que se segue, tudo dependerá do desenrolar das ideias. De qualquer das formas, aqui fica um “estranho caso de sucesso para hoje.

Golfinhos - O auge ocorreu há uns anos atrás, toda a gente tinha as músicas dos Delfins na ponta da língua. Houve o célebre concerto em Cascais lá para o distante ano de 1996, na baía, onde os tipos aproveitaram para celebrizar uma música originalíssima, com o mesmo nome do local do espectáculo.

Seria uma moda, algo bem publicitado, uma obra-prima, um verdadeiro case-study do marketing? Sempre tive uma enorme dificuldade em entender o que havia de tão especial na música deles. Exactamente porque nunca achei nada de especial. O Miguel Ângelo, chato e sofrível; o guitarrista, Fernando qualquer-coisa-que-agora-não-me-lembro, cinzentão e desengraçado à brava. Safavam-se os outros dois que seguravam as traves rítmicas.

Então, para quem lidava com pessoas que inclusivamente os conheciam porque cresceram ao lado deles em Cascais, andaram juntos na escola e essas coisas todas, era bem pior. Nem sempre podia dar azo à minha vontade de ser honesto e dizer aquilo que efectivamente pensava.

Agora desapareceram um bocado. Um concerto nos jardins do Casino Estoril na passagem de ano de há uns dois anos é tudo quanto sei deles. Será que finalmente temas como “não sejas silly, não sejas silicone” afastaram de vez as pessoas? Será que esgotaram totalmente o goodwill que tinham e ninguém mais tenha paciência para eles a não ser numa postura nostálgica do vamos lá só para relembrar como eles eram?

Melhor será ficar por aqui e não agitar as águas. Não vá acordar o monstro adormecido.