Parafernália - Hoje vou falar de um dos grandes mistérios da nossa tão querida e estimada Humanidade. Em particular, dos que dizem respeito à metade feminina, quando analisados pela metade masculina. Muitos poderiam ser incluídos nesta categoria, dos problemas de estacionamento à contagem diária de calorias ingeridas, das idas à casa-de-banho em pares aos orgasmos múltiplos. Poderão estes ficar em stand-by, segundas núpcias quando me der na veneta. Para já, aqui fica uma breve dissertação acerca das malas das senhoras.
O que têm de tão fascinante estes aparentemente normais objectos do quotidiano feminino para o sexo oposto? À primeira vista, parecem desconfortáveis, pouco práticas. São um peso morto constantemente ao ombro, podem ser gamadas, achar o telemóvel lá dentro pode ser uma odisseia, é preciso depositá-las em qualquer lado sempre que se sentam ao volante ou numa mesa.
Não poderiam ter só desvantagens. Se pensarmos bem, apresentam uma série de características de interesse, também para os senhores. Senão vejamos. Nunca é preciso levar canetas, papéis, lenços de papel quando há uma por perto; é sempre possível descobrir objectos desta natureza naqueles infindáveis depósitos de mercadorias. Para além disso, também servem para nós próprios nos livrarmos dos nossos pesos mortos, aproveitando aquele apetite devorador de armazém sem fundo e confiando os nossos pertences à respectiva dona.
É verdade, as malas das senhoras são verdadeiras cartolas de ilusionista, dentro das quais não há limites físicos à quantidade e diversidade de coisas que podemos achar e donde se pode tirar praticamente tudo. Quis um exemplo e indaguei. Vou partilhar convosco a descrição exaustiva dum conteúdo de mala que uma boa samaritana fez o favor de espalhar numa mesa e partilhar comigo. Por motivos óbvios, vou-me abster de divulgar a sua identidade. Disse-me ela o seguinte:
1. «Carteira com dinheiro (pouco, muito pouco) e alguns cartões (alguns já inválidos, quase adivinho);
2. porta-documentos a abarrotar, já que inclui desde o BI ao cartão de eleitor, passando por vários cartões de cliente (Biblioteca Almada Negreiro, Biblioteca Francisco Pereira de Moura, Biblioteca Nacional, Office Centre, Galp, Club House Health Club, EUL, Sport Zone, River Woods);
3. escova de dentes Aquafresh, contorcionista e azul;
4. documentos do carro (sendo que a ando com a guia provisória desde Maio);
5. porta-chaves azul, com símbolo desactualizado da UE, onde tenho a chave do gabinete;
6. porta-chaves imitando o globo terrestre, em esponja (objectivo: apertar, eliminar o stress), com a chave do carro;
7. estojo das lentes de contacto, parte integrante do líquido de limpeza Bausch & Lomb. Deve conter o referido líquido, mas já com muitos dias;
8. porta-chaves com as chaves de casa: a do portão, a da entrada do prédio e a de casa propriamente dita, todas elas com argolas de borracha coloridas que permitem a sua fácil identificação;
9. Berodual a acabar o prazo de validade; Bricanyl ainda selado (tubos para a asma);
10. tubo de pasta de dentes (pequeno) Colgate;
11. livro de cheques CGD cruzados; estojo com óculos: 2 dioptrias no olho esquerdo, 2,25 no direito;
12. hidratante labial Clinique; óculos escuros dentro do respectivo estojo;
13. talões vários: do multibanco, de compras... numa palavra: lixo;
14. pequeno pacote de excicante;
15. penso Evax normal alas.»
Confesso que fiquei algo decepcionado. Queria encontrar alguma coisa diferente, um brinquedo e um chocolate. Alguma coisa fora do normal, que comprovasse a teoria da cartola de ilusionista. Vá daí resolvi indagar mais, interroguei mais espécimes do sexo feminino, fiz perguntas e inquéritos, lancei questionários e pedidos de informação.
Nada feito. Eu que procurava qualquer coisa tipo um pé-de-cabra, um tijolo à la Duarte e Companhia, uma bifana, quiçá sandes de courato. Fui assolado por uma profunda onda de tristeza.
Resta-me a consolação de que dei o meu melhor.
P.S. – Ajudante, ficam aqui, para ti, sugestões para completar o espólio da tua mala. Tudo coisas normais!! Cá vão elas: lenços de papel (já falei neles), agenda ou filofax, bolachas integrais, água, rebuçados e gás mostarda.
O que têm de tão fascinante estes aparentemente normais objectos do quotidiano feminino para o sexo oposto? À primeira vista, parecem desconfortáveis, pouco práticas. São um peso morto constantemente ao ombro, podem ser gamadas, achar o telemóvel lá dentro pode ser uma odisseia, é preciso depositá-las em qualquer lado sempre que se sentam ao volante ou numa mesa.
Não poderiam ter só desvantagens. Se pensarmos bem, apresentam uma série de características de interesse, também para os senhores. Senão vejamos. Nunca é preciso levar canetas, papéis, lenços de papel quando há uma por perto; é sempre possível descobrir objectos desta natureza naqueles infindáveis depósitos de mercadorias. Para além disso, também servem para nós próprios nos livrarmos dos nossos pesos mortos, aproveitando aquele apetite devorador de armazém sem fundo e confiando os nossos pertences à respectiva dona.
É verdade, as malas das senhoras são verdadeiras cartolas de ilusionista, dentro das quais não há limites físicos à quantidade e diversidade de coisas que podemos achar e donde se pode tirar praticamente tudo. Quis um exemplo e indaguei. Vou partilhar convosco a descrição exaustiva dum conteúdo de mala que uma boa samaritana fez o favor de espalhar numa mesa e partilhar comigo. Por motivos óbvios, vou-me abster de divulgar a sua identidade. Disse-me ela o seguinte:
1. «Carteira com dinheiro (pouco, muito pouco) e alguns cartões (alguns já inválidos, quase adivinho);
2. porta-documentos a abarrotar, já que inclui desde o BI ao cartão de eleitor, passando por vários cartões de cliente (Biblioteca Almada Negreiro, Biblioteca Francisco Pereira de Moura, Biblioteca Nacional, Office Centre, Galp, Club House Health Club, EUL, Sport Zone, River Woods);
3. escova de dentes Aquafresh, contorcionista e azul;
4. documentos do carro (sendo que a ando com a guia provisória desde Maio);
5. porta-chaves azul, com símbolo desactualizado da UE, onde tenho a chave do gabinete;
6. porta-chaves imitando o globo terrestre, em esponja (objectivo: apertar, eliminar o stress), com a chave do carro;
7. estojo das lentes de contacto, parte integrante do líquido de limpeza Bausch & Lomb. Deve conter o referido líquido, mas já com muitos dias;
8. porta-chaves com as chaves de casa: a do portão, a da entrada do prédio e a de casa propriamente dita, todas elas com argolas de borracha coloridas que permitem a sua fácil identificação;
9. Berodual a acabar o prazo de validade; Bricanyl ainda selado (tubos para a asma);
10. tubo de pasta de dentes (pequeno) Colgate;
11. livro de cheques CGD cruzados; estojo com óculos: 2 dioptrias no olho esquerdo, 2,25 no direito;
12. hidratante labial Clinique; óculos escuros dentro do respectivo estojo;
13. talões vários: do multibanco, de compras... numa palavra: lixo;
14. pequeno pacote de excicante;
15. penso Evax normal alas.»
Confesso que fiquei algo decepcionado. Queria encontrar alguma coisa diferente, um brinquedo e um chocolate. Alguma coisa fora do normal, que comprovasse a teoria da cartola de ilusionista. Vá daí resolvi indagar mais, interroguei mais espécimes do sexo feminino, fiz perguntas e inquéritos, lancei questionários e pedidos de informação.
Nada feito. Eu que procurava qualquer coisa tipo um pé-de-cabra, um tijolo à la Duarte e Companhia, uma bifana, quiçá sandes de courato. Fui assolado por uma profunda onda de tristeza.
Resta-me a consolação de que dei o meu melhor.
P.S. – Ajudante, ficam aqui, para ti, sugestões para completar o espólio da tua mala. Tudo coisas normais!! Cá vão elas: lenços de papel (já falei neles), agenda ou filofax, bolachas integrais, água, rebuçados e gás mostarda.
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