segunda-feira, dezembro 20, 2004

Os piores de todos – são aqueles que destroem monumentos querendo assinalar para todo o sempre a sua passagem. Riscam, raspam, sulcam na pedra, seja o que for, um nome com letras que saem meio foscas e de educação primária, acompanhado de uma data. Às vezes, mais completo, com local de origem. Não é nacional, existe por todo o lado, de Sintra às Pirâmides de Gizé.

Outro que me irrita solenemente é o das carteiras das salas de aulas. Se fossem auxiliares de memória, vulgo cábulas, para os exames, não me chatearia tanto, há que fazer pela vida. Agora riscar só por riscar… Pior um pouco quando a maior sala da minha faculdade tem os estofos das cadeiras todos desgraçados. Não são putos de escolinha que os frequentam. Ou não deviam ser.

Há outros menos graves. Mas muito bimbos. Exemplo retirado dum banco de jardim ou tronco de árvore: “Cajó loves Sónia Cristina 4ever”, com um coraçãozinho atravessado por uma seta. Ou menos bimbos na proporção do que têm de mais interventivos. Exemplo: “Vota…”, com o acrónimo de tal partido a seguir. Ou então, o meu preferido, num prédio perto do liceu onde andei: “Não te deixes manipolar”. Magnífico, diz tudo. Mentira, há outro que também gosto muito, em Tires: “Vende-se. Tefone”, seguido do respectivo número.

Finalmente, os brejeiros. Casa-de-banho do Oeiras Parque. Primeira divisória da direita. Mais ou menos assim, não memorizei tintim por tintim: sou um puto novo, até sou bonito e um bocado homossexual. Se quiseres alguma coisa comigo liga. Escrito por debaixo do número, “Alfredo”.

Um país de poetas.