A cenoura – é um legume giro, porque não serve só para fazer os olhos bonitos como as avós juram a pés juntos. A cenoura tem a grande vantagem de proporcionar uma das metáforas mais importantes. Aquela de, quando colocada à frente dos olhos, provocar uma atracção, um fascínio, que impele à caminhada, à progressão.
Se, por um lado, pode ser um defeito o facto de me fartar muito depressa de qualquer coisa, de ser volátil e brusco, também pode ser uma qualidade. O tédio e o aborrecimento atormentam-me amiúde e fazem-me sofrer atrozmente. Poucas coisas me afligem mais, tirando possivelmente o Toy a cantar, que sentir-me a necessitar drasticamente de uma mudança. Identificar a vontade, provocar a alteração, adaptar. Mesmo com todas as confusões inerentes, costuma ser de um gozo doido.
Uma das formas de combater o tédio, por excelência é viajar. É, talvez, a minha maior cenoura, com mais caroteno e laranjinha que conheço. Viajar é sempre uma quebra na rotina, são sempre dias diferentes, momentos diferentes. Sítios diferentes. O tempo parece abster-se de nos arrastar pela corrente dos anos. Numa semana, podemos criar mais recordações daquelas que ficam para sempre no álbum pessoal do que num ano inteiro de “vida normal”.
Por isso, adoro a parte de planear, de organizar uma saída. Pensar no destino, abrir os mapas, ver distâncias. Depois, os transportes, combinar coisas como as datas, acertar as agendas de um grupo de pessoas. Melhor de tudo, cereja em cima do bolo: passar meses a desejar que chegue a altura.
Há cerca de meio ano que a viagem que estou prestes a fazer anda na forja. Talvez um bocadito menos, cinco meses. Estou em pulgas, obviamente. Como sempre. Gosto de fazer a mala devagar, ao sabor dos telefonemas de despedida, das consultas dos sites de meteorologia, das coisas importantes de que quase me esqueço. (enfim, às vezes esqueço-me mesmo). Podia fazer a mala numa horita. Ao invés, demoro uma tarde inteira.
Não durmo a noite toda. Sonho com aeroportos, aviões, confusão, línguas estrangeiras, transportes públicos com redes muito extensas. Mais importante: reencontros. Reencontros com amigos. Reencontros connosco próprios, quando regressamos a sítios por onde já passámos e em relação aos quais deixámos algures algumas referências no fundo da memória. Reviver.
Vai ser assim a minha Londres. Onze, doze anos depois da primeira vez.
Se, por um lado, pode ser um defeito o facto de me fartar muito depressa de qualquer coisa, de ser volátil e brusco, também pode ser uma qualidade. O tédio e o aborrecimento atormentam-me amiúde e fazem-me sofrer atrozmente. Poucas coisas me afligem mais, tirando possivelmente o Toy a cantar, que sentir-me a necessitar drasticamente de uma mudança. Identificar a vontade, provocar a alteração, adaptar. Mesmo com todas as confusões inerentes, costuma ser de um gozo doido.
Uma das formas de combater o tédio, por excelência é viajar. É, talvez, a minha maior cenoura, com mais caroteno e laranjinha que conheço. Viajar é sempre uma quebra na rotina, são sempre dias diferentes, momentos diferentes. Sítios diferentes. O tempo parece abster-se de nos arrastar pela corrente dos anos. Numa semana, podemos criar mais recordações daquelas que ficam para sempre no álbum pessoal do que num ano inteiro de “vida normal”.
Por isso, adoro a parte de planear, de organizar uma saída. Pensar no destino, abrir os mapas, ver distâncias. Depois, os transportes, combinar coisas como as datas, acertar as agendas de um grupo de pessoas. Melhor de tudo, cereja em cima do bolo: passar meses a desejar que chegue a altura.
Há cerca de meio ano que a viagem que estou prestes a fazer anda na forja. Talvez um bocadito menos, cinco meses. Estou em pulgas, obviamente. Como sempre. Gosto de fazer a mala devagar, ao sabor dos telefonemas de despedida, das consultas dos sites de meteorologia, das coisas importantes de que quase me esqueço. (enfim, às vezes esqueço-me mesmo). Podia fazer a mala numa horita. Ao invés, demoro uma tarde inteira.
Não durmo a noite toda. Sonho com aeroportos, aviões, confusão, línguas estrangeiras, transportes públicos com redes muito extensas. Mais importante: reencontros. Reencontros com amigos. Reencontros connosco próprios, quando regressamos a sítios por onde já passámos e em relação aos quais deixámos algures algumas referências no fundo da memória. Reviver.
Vai ser assim a minha Londres. Onze, doze anos depois da primeira vez.
<< Home