terça-feira, março 15, 2005

Privar os espanhóis da bela da siesta seria condená-los a morte certa. Acabar com as baguetes em França provocaria uma greve fome generalizada e nunca antes vista. Vender carros na Itália sem buzina poria os ragazzi de cabelos em pé. Se, de um dia para o outro, os cafés em Portugal passassem a ser todos Starbucks, o país encerrava de vez. Já se sabe, nestas coisas, cada terra com o seu uso, cada roca com o seu fuso. Que é como quem diz, cada povo com a sua mania.

Mais do que manias, alguns povos têm fobias. Como, por exemplo, a aldeia dos irredutíveis gauleses nas aventuras de Astérix e Obélix. Bravos guerreiros, impossíveis de vergar pelos megalómanos romanos sofriam, no entanto, de um infundado medo de que o céu lhes caísse na cabeça.

À semelhança deste pequeno reduto gaulês do Império Romano, também os britânicos da actualidade padecem de fobia extrema e generalizada, a de ficar entalado numa porta e dar cabo da cara, da fuça, da tromba, dos cornos, da cremalheira. No metro, nos elevadores, gravações mecânicas e metronómicas repetem advertências de precaução para com as portas que se vão fechar. Mais do que isso, os condutores dos veículos, pessoal que trabalha nas plataformas adverte através do sistema de som que o comboio está pronto para partir e que, portanto, há que ter cuidado com o fecho.

Talvez assim se justifique a parca beleza facial. Também generalizada.