quarta-feira, abril 06, 2005

A cadeira dos dentistas – sempre foi comparável à das salas da pena capital americanas que vemos retratadas no filmes. Seja por injecção letal, seja por patanisca final. Mas também há coisas giras que se passam nesses antros de perdição.

A situação clássica de maior envergadura na ida ao dentista é a da perguntinha incómoda. Envolvente: sentado na cadeira, luz apontada ao dente, boca aberta, aspirador no canto a pressionar o lábio, instrumento metálico que bate ou raspa, olhos fixos e compenetrados na delicada operação, sensação de profundo desconforto e medo. De repente, a outra boca que não a nossa abre-se e pergunta algo como:

Então, que tal vai isso?
Os pais?
Está a doer?


A última sempre dá para responder com acenos de cabeça ou esgares de dor. Todas as outras são uma apologia à linguagem gestual.