segunda-feira, julho 25, 2005

Costuma sair sempre - para o mar aberto, nunca se sabe, embora afirme que não são muitas as vezes que veja os bichos. De qualquer das formas, este é um ano atípico: a primeira vez que saiu para a Ilha do Farol, deu logo de caras com eles. Por isso, quando no sábado passou pelo espaço delimitado pelo pontão e pela Ilha Deserta, a probabilidade que atribuiu à repetição do acontecimento não deveria ser nada desfavorável.

E não se enganou. Poucos minutos depois de começar a rasgar as ondas ligeiramente mais altas, largou um prepara-a-maquina-rápido, sonoro e autoritário, seguido à risca por quem seguia na embarcação. Referia-se à fotográfica porque tinha acabado de ver com os olhos treinados de mar, as barbatanas dorsais de alguns cetáceos lá ao fundo. Acelerou e aproximou o barco.

Quatro, cinco, a verdade é que não me recordo. Recordo de me tirem dito que havia uma cria. Que, efectivamente, vi a nadar à frente, os animais maiores por detrás como que a escoltá-la. Foram atraídos pelo som do motor. Curiosos, aproximaram-se para ver melhor, acompanharam o movimento do veículo à frente, perto da quilha. Com movimentos ondulatórios rápidos.

Recordo também terem-me explicado que não se deve entrar na água. Contrariamente à ideia comum de que os golfinhos são simpáticos e salvam vidas humanas em perigo, nem todos são domesticáveis, apenas os cinzentos mais claros. Estes, escuros, podem ter comportamentos agressivos, sobretudo se tivermos em conta a agravante da presença da cria. Para além disso, desconhecem que os humanos não aguentam muito tempo sem vir à superfície respirar e podem empurrar para o fundo. Muito para o fundo.