terça-feira, julho 19, 2005

Quase nem se dá conta – quando se pisa o arco em pedra mais alto do mundo. Procurei guiar-me por referências óbvias, como a Avenida Calouste Gulbenkian, que passa mesmo por debaixo. Afinal, mal sabia que, como nos filmes, há sempre um X que marca o lugar. Lá estava uma inscrição na pedra, a indicar a altura precisa e a largura.



Não é a vista que justifica. Para um dos lados, Praça de Espanha, Eixo Norte-Sul; para o outro, Monsanto, Ponte 25 de Abril, o que resta do Casal Ventoso. A imponência enche o olho. O espectáculo da altura, da engenharia. O interior que nos permite ir de Belas, a fonte, ao centro da cidade.

Tão depressa como surge, desaparece. Parece uma toupeira. Continuámos a segui-lo. Volta a mostrar-se na rua das Amoreiras: atravessa-a num arco antigo, curva e vem em direcção ao PS. Mas pára antes, num grande depósito, a Mãe de Água. Cinco, seis metros de profundidade do líquido precioso. Em cima, o ponto onde acaba o túnel gigante.

Há quarenta anos atrás, o Aqueduto das Águas Livres ainda servia algumas zonas da cidade. Foi totalmente desactivado nos anos 60. Foi concebido para uma cidade com uma população de cerca de 250 mil habitantes. Hoje em dia, é uma relíquia perdida no tempo, uma espécie de ponte pitoresca no Vale de Alcântara cuja finalidade se ignora.