segunda-feira, agosto 15, 2005

A contagem – um dois três catorze ouviu-se já com os quatro mais recentes membros da Ordem da Liberdade em palco. A explosão do público foi imediata, gargantas cantavam no limite do fisicamente possível os sons e as letras que conhecem de cor e salteado.

Esteve lá tudo. O alinhamento era, como se esperava, o verificado noutros concertos da tournée à excepção do último tema do último encore, que não terminou com o Vertigo. A maior emoção concentrada nos temas imortais, do “One” ao “Where the streets have no name”, do “Still haven’t found what I’m looking for” ao “With or without you”.

Os direitos humanos projectados em português, o pedido para enviar um SMS ao custo de um euro a reverter para uma instituição de caridade, a palavra “coexist” escrita com os símbolos de três religiões: a lua dos muçulmanos, a estrela de David dos judeus, a cruz dos cristãos. Assim como a irreverência de Bono. Tocante nos curtos discursos de intervenção, acutilante nas encenações e imagens, irreverente na postura e nos gestos.

É óbvio que um espectáculo destas dimensões tem que ser planeado ao milímetro o que pode dar um sensação de artificial ou pouco espontâneo. Se, por um lado não me agrada saber de antemão praticamente todos os passos que a banda vai dar, por outro lado entendo que não há forma de o evitar.


Os pontos negativos vão todos para a organização. Horrível. Do pior que já vi e não sou propriamente um maçarico nestas andanças. O meu bilhete é para o relvado e indicava a entrada pela porta 1. Na porta 1 disseram-me que a entrada do relvado era na porta 3. Já tinha dado meia volta para chegar àquela porta, dei outra para voltar novamente à entrada virada para o Campo Grande.

Juntei-me ao aglomerado de gente que esperava. Fomos conduzidos pelos acessos das viaturas à garagem. Depois de passar pela garagem, entrava-se pelo fosso e só depois de dar a volta ao fosso estava a rampa que levava ao relvado. Levei mais de uma hora a entrar. Ninguém me revistou. Não havia torniquetes que fazem a leitura electrónica do bilhete, como houve nas bancadas. Rasgaram o cantinho inferior esquerdo do meu.

No fosso estavam as bancas de comes e bebes e as cerca de trinta, se tanto, casas-de-banho transportáveis disponíveis para o relvado todo. Com filas enormes, claro.
De resto, mal que se esquece que está calor e, possivelmente, fica muito tempo sem comer e sem beber. Desmaios e indisposições de pessoas que, o que parece, é que não habituadas a concertos, vão a este porque são os U2 e ficam em casa em todos os outros. Tias todas chiques e bem, de sandalinhas em cima da protecção de plástico do relvado é uma imagem que tão depressa não esqueço.


A pergunta final e necessária: valeu a pena a folia colectiva da compra dos bilhetes? Acho que não. Se bem que neste campo, uma vez mais, as culpas vão todinhas para a organização e para a forma como andou a gozar com os fãs o tempo todo. Fico com uma péssima imagem destas produtoras. Quem se safou bem, no meio disto tudo, foram os espanhóis que invadiram literalmente o José de Alvalade.