segunda-feira, setembro 19, 2005

Há muito - que perdi a conta das vezes em que passei em revista os momentos, as situações, os sítios. Há muito que não te procuro na minha memória. Há muito que te tento esquecer. Há muito que quis desistir. Mas encontras sempre forma de estar presente na tua ausência.

Leio o teu nome e, de repente, estás perante mim. A tua cara. Os teus olhos. O teu cabelo. Sorris e eu tenho a impressão que vens na minha direcção e que me vais abraçar como o fizeste na última vez que te vi. Agarraste-me nos teus braços. Com muita força. Empurraste-me de encontro a ti.

Sabíamos que demoraria até estarmos de novo frente-a-frente. Se é que alguma vez estaríamos. Era na altura e continua a ser agora incerto. Talvez até improvável. Talvez até impossível.

Não sei quanto tempo passou; foi um longo abraço que pareceu curto. Também já não sei se ouvi os teus olhos lacrimejar. Os teus lábios balbuciar. Nem se me ouvi soltar algum som, dizer alguma coisa que quisesse ser reconfortante.

Lentamente, soltaste-me. Olhámo-nos uma vez mais. Ter-me-ás dito adeus, até breve ou até sempre? Ter-te-ei respondido ou sequer ensaiado uma resposta? As mãos estendidas separam-se quando a distância deixou de permitir que continuassem dadas. Seguiste para um lado, eu para outro.

É certo que o tempo apaga os detalhes das fotografias. Come as cores e deforma o papel. Sei que tenho medo de te ver outra vez. Porque posso encontrar a mesma cara. Os mesmos olhos. O mesmo cabelo. O mesmo sorriso rasgado. O mesmo abraço.

Mas não suportarei uma mesma separação.