quinta-feira, outubro 06, 2005

Sampa #1 – Não tem nada que saber. Assim que levantares a bagagem em Guarulhos, vais ver um balcão da Guarocoop, a cooperativa de táxis do aeroporto. É aí que dizes que vais para a Fidêncio Ramos, para o número 74, uma rua que sai da Gomes de Carvalho. Eles dão-te um recibo que depois mostras ao taxista que está no exterior, tudo muito bem indicado. Custa cerca de 90 paus, o preço é tabelado.

A tua entrada pela cidade vai ser pelo lado leste. O percurso demora cerca de quarenta minutos. O sítio é horrível. Vais passar pelas favelas, pela marginal do Tietê, um dos rios da cidade. Uma estrada velha e feia, um rio nojento. Aos poucos, começas a entrar no centro da cidade, pela Avenida Tiradentes.

A minha taxista não sabe ao certo onde fica a rua. A Gomes de Carvalho não lhe é estranha mas não a está a ver no Centro da cidade, indicação final que dei erroneamente; deveria ter dito Vila Olímpia. Pergunta-me se tenho certeza. Digo que sim. Continua ao telemóvel com a central na mão esquerda e a manter-nos na estrada com a mão direita. Só começou esta profissão há dois meses, ainda tem muitas ruas para aprender. A mãe é portuguesa, o pai é suíço, ela é carioca.

Descobriu uma forma de tornear o problema. Um colega está lá mais à frente a deixar uma pessoa; vamo-nos encontrar com ele e segui-lo, ele sabe onde fica. Não tenha medo, isto não é nenhum assalto. Aí você é de fora e pode ficar pensando mas não tenha medo. Não, não tenho, enquanto escrevo uma mensagem a explicar que devo chegar um pouco mais atrasado e a justificar-me com a ignorância da taxista. E também não tem que pagar o segundo táxi. Era o que mais faltava.

Telefone. Diz-lhe que passas o túnel que está directamente por debaixo do Parque Ibirapuera e do seu lago, passas a 23 de Maio, até chegar à Kubitschek. Depois viras à esquerda na Innocenti e só depois vais virar à direita na Jesuíno. A Fidêncio só tem um sentido, vais ter que dar a volta pela gomes de Carvalho para entrar.

Estamos a arrancar, depois de ter parado à saída do túnel. Passamos por cima das raias em mais uma manobra passível de multa pesada. Afinal o colega do táxi está já ali à frente. Não preciso reproduzir a explicação que acabei de receber e que sei não vou ser capaz de me lembrar na totalidade. Continuamos. Estamos mesmo a chegar. Mais uma curva. Estaria eu com má cara? Não se preocupe, é já ali.

E era mesmo.