domingo, fevereiro 26, 2006

Carrocha. Dos antigos. Bem antigos. Mas impecavelmente limpo e arranjado. Cor: azul cueca. À frente, ele. Conduz com as duas mãos no volante. Usa óculos de armações grandes com muita massa. Olha fixamente a estrada, veste um pullover e traz a inconfundível boina enterrada na cabeça.

Atrás, ela. Do lado oposto, à direita. Olha pela pequena janela para a berma da estrada. Cabelo curto, lábios finos muito fechados, figura seráfica. Adivinho que leve as mãos dadas sobre o seu colo. Quarenta quilómetros horários, na melhor das hipóteses, num sítio onde facilmente se chega ao dobro dessa velocidade. É já bem grande a procissão que segue atrás deles.

Ó Portugal, nunca mudes, nunca desapareças.