Carrocha. Dos antigos. Bem antigos. Mas impecavelmente limpo e arranjado. Cor: azul cueca. À frente, ele. Conduz com as duas mãos no volante. Usa óculos de armações grandes com muita massa. Olha fixamente a estrada, veste um pullover e traz a inconfundível boina enterrada na cabeça.
Atrás, ela. Do lado oposto, à direita. Olha pela pequena janela para a berma da estrada. Cabelo curto, lábios finos muito fechados, figura seráfica. Adivinho que leve as mãos dadas sobre o seu colo. Quarenta quilómetros horários, na melhor das hipóteses, num sítio onde facilmente se chega ao dobro dessa velocidade. É já bem grande a procissão que segue atrás deles.
Ó Portugal, nunca mudes, nunca desapareças.
Atrás, ela. Do lado oposto, à direita. Olha pela pequena janela para a berma da estrada. Cabelo curto, lábios finos muito fechados, figura seráfica. Adivinho que leve as mãos dadas sobre o seu colo. Quarenta quilómetros horários, na melhor das hipóteses, num sítio onde facilmente se chega ao dobro dessa velocidade. É já bem grande a procissão que segue atrás deles.
Ó Portugal, nunca mudes, nunca desapareças.
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