domingo, fevereiro 19, 2006

A condição sine qua non - para pertencer e ser bem aceite na terceira idade é, sem margem para dúvidas, cheirar a naftalina (não confundir com aqueloutra do Jardel). São raros os reformados que não se façam acompanhar para todo o lado desse odor. Aliás, quer-me parecer que os que não o fazem são discriminados pela sociedade em que vivemos.

Tentei perceber as causas deste fenómeno. Será que as traças fazem uma distinção das idades e gostam mais da roupa dos velhos do que dos novos? E é em resposta a esta estrutura de preferências das traças que os velhotes enchem os armários de bolas ou outros apetrechos que fedem? E que os põem, eles próprios, a feder.

A F. tem uma teoria. Porque a F. já pensou nisto muito a sério. E partilhou-a comigo ontem. As traças não gostam mais da roupa das pessoas com mais idade. As pessoas com mais idade não precisam, portanto, de encher até acima o armário com naftalina.

Trata-se de um problema orgânico e endógeno. É uma questão endócrina. A partir de certa idade, as glândulas humanas alteram-se. De tal forma que os velhotes passam a exalar um cheiro muito semelhante ao da naftalina. Em vez de suor, como a malta jovem.

A indústria dos cosméticos está uns quantos passos atrás. Senão existiria uma linha de desodorizantes para a terceira idade.