sexta-feira, maio 05, 2006

De repente, senti o fino fio que me segurou rebentar e pensei que a terapêutica de distância não iria resultar. Separei-me da minha vida o mais que pude mas, como que munida daquela orientação que só o instinto animal consegue explicar, continuava ali, ao meu lado. Estava em cada cara, em cada esquina, em cada casa.

A abstinência de cafeína potenciou-me a dor de cabeça. Embora nunca vá saber qual das contribuições foi a maior. O sono bateu com tanta força que nem a luz nem o som do televisor me seguraram. Foi finalmente altura de começar a fuga, evadir-me da prisão.

O momento decisivo foi a montanha. A estrada que leva até lá acima e depois a visão daquela luz límpida que só há lá no alto, com a ajuda da neve branca. Foi nessas alturas que finalmente perdi a minha vida. Aquela que não quis viver. Deixei o peso das questões.

E nessa morte renasci.