Neste momento não consigo avançar. Chego novamente àquele ponto em que não sinto nada senão o desgaste, as súplicas dos músculos, dos ossos, do corpo cuja última gota de energia foi gasta sem parcimónia. E então páro, recupero a respiração. Sento-me e observo a paisagem.
Olho para cima. À minha frente continua uma massa, um rochedo escuro, imponente, com resquícios do branco das neves eternas nas zonas cimeiras. Juraria que o cume estava mais perto, pensei que esta última investida me tinha colocado na zona decisiva.
Mas não. Posso ter-me enganado. Se calhar não é este o caminho correcto. Tem que ser. Afinal quantos caminhos poderão levar até lá acima? E a frustração surge, rápida, pesada, esmaga-me. Penso em tudo, não penso em nada.
Vou parar, estou à beira de desistir. É escusado. O esforço não compensa. Aliás qual é sequer a razão para chegar lá acima? Ainda para mais quando logo em seguida tenho que descer? Para ver a vista? Tirar fotografias?
Há mais para além desta montanha. Há vales. Há praias. Há planícies e planaltos. Há vilas e cidades, aldeias e lugarejos. Há todo um mundo que guardo numa gaveta. Aquela gaveta que, num futuro incerto, vou finalmente poder abrir.
Ainda aqui estou. O frio. Sinto-me contraído, as costas ardem-me, o pescoço é fustigado por uma dor aguda que o atravessa. Passo as mãos pelos braços, esfrego energicamente para me tentar aquecer.
A pouco e pouco sinto o desconforto passar. Como o dissipar das nuvens exaustas do trovejar de uma tempestade.
Até que acordo. Com outra cabeça. Com outro corpo. Com outra agilidade. As dores já não existem. Os músculos, os ossos, todo o invólucro parece recuperado. O cansaço deixou de lá estar. E então declaro o descanso acabado.
Volto a encarar a subida. Basta um só esticão, um esforço convicto que me coloque para lá da zona em que não há desistências porque o fim está demasiado perto para isso. Depois dessa fronteira, o derradeiro passo, embora custoso, é simples.
Estou de novo a subir. Acelero o passo. Certeiro, preciso, decidido. Mentalizo-me, capacito-me, galvanizo-me.
Mas, depois de um bocado, não resisto e volto a olhar para cima. Está tudo na mesma. E é só então que percebo que a cada passo que dou, a cada metro que avanço, também o cume se ergue um metro mais em direcção ao céu.
Páro. Sento-me. Respiro outra vez.
Olho para cima. À minha frente continua uma massa, um rochedo escuro, imponente, com resquícios do branco das neves eternas nas zonas cimeiras. Juraria que o cume estava mais perto, pensei que esta última investida me tinha colocado na zona decisiva.
Mas não. Posso ter-me enganado. Se calhar não é este o caminho correcto. Tem que ser. Afinal quantos caminhos poderão levar até lá acima? E a frustração surge, rápida, pesada, esmaga-me. Penso em tudo, não penso em nada.
Vou parar, estou à beira de desistir. É escusado. O esforço não compensa. Aliás qual é sequer a razão para chegar lá acima? Ainda para mais quando logo em seguida tenho que descer? Para ver a vista? Tirar fotografias?
Há mais para além desta montanha. Há vales. Há praias. Há planícies e planaltos. Há vilas e cidades, aldeias e lugarejos. Há todo um mundo que guardo numa gaveta. Aquela gaveta que, num futuro incerto, vou finalmente poder abrir.
Ainda aqui estou. O frio. Sinto-me contraído, as costas ardem-me, o pescoço é fustigado por uma dor aguda que o atravessa. Passo as mãos pelos braços, esfrego energicamente para me tentar aquecer.
A pouco e pouco sinto o desconforto passar. Como o dissipar das nuvens exaustas do trovejar de uma tempestade.
Até que acordo. Com outra cabeça. Com outro corpo. Com outra agilidade. As dores já não existem. Os músculos, os ossos, todo o invólucro parece recuperado. O cansaço deixou de lá estar. E então declaro o descanso acabado.
Volto a encarar a subida. Basta um só esticão, um esforço convicto que me coloque para lá da zona em que não há desistências porque o fim está demasiado perto para isso. Depois dessa fronteira, o derradeiro passo, embora custoso, é simples.
Estou de novo a subir. Acelero o passo. Certeiro, preciso, decidido. Mentalizo-me, capacito-me, galvanizo-me.
Mas, depois de um bocado, não resisto e volto a olhar para cima. Está tudo na mesma. E é só então que percebo que a cada passo que dou, a cada metro que avanço, também o cume se ergue um metro mais em direcção ao céu.
Páro. Sento-me. Respiro outra vez.
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