segunda-feira, maio 08, 2006

Passava-se - com o som quando eu tocava guiado pelo tempo imbatível da caixinha preta. Nunca gostei dos electrónicos ou digitais. É a mesma diferença que existe entre um relógio digital e um de corda. Por mais versáteis que possam ser, matam o romantismo do movimento, a beleza da física do objecto a marcar com grande precisão o tempo.

Enfim, a grande precisão é discutível. Basta colocar dois aparelhos com as mesmas batidas por minuto a tocar ao mesmo tempo para verificar que começam a descolar passado um bocado. Qual deles o correcto ou mais perto de o ser, venha o diabo e escolha.

Girar aquela pequena saliência metálica que dá corda ao mecanismo, soltar a barra de ferro. O meu metrónomo tem, inclusivamente, uma característica que não é comum à maioria: uma campainha que assinala o primeiro tempo dos compassos. Pelo menos para algumas divisões de tempo.

Só tem o defeito de ser de plástico. O que torna o estalido um pouco mais estridente e menos quente que aquele que os de madeira fazem. Mas os procedimentos, o ritual, por si só, e por muito que custe a muita gente admiti-lo, já é música.