quinta-feira, julho 20, 2006

Olhei para o céu - que se erguia em frente ao Parque do Centenário e não consegui evitar interromper a conversa repentinamente
Já viram a quantidade de trilhos de avião no céu?
Parecíamos papalvos a olhar para cima, era de dia e bem de dia, não estavam lá as estrelas que costumam justificar as dores de pescoço.
Em Lisboa não há nem um pouco desta actividade frenética. Desta constante mudança, deslocação. As pessoas que conheci estão todas apenas temporariamente na cidade. Dizem-me
J’aime bouger
E são capazes de soltar com a maior naturalidade do mundo entre duas garfadas ao jantar
Olha afinal na quinta vou-me embora, venho depois cá para buscar as coisas.
Estão constantemente a enviar candidaturas, contam-me os sítios pelos quais já passaram, a misturada de raízes diferentes nunca é suficientemente forte para os prender ao chão. A Terra move-se e eles têm que acompanhar a deslocação.
É certo que a maioria é mais velha, é certo que me apelidam de overachiever quando lhes explico o que faço. Mas depois percebo que também eles atingem muito em pouco tempo. E sinto-me vazio ao lado deles.
Em cinco minutos, um aperto de mão e estão a partilhar uma cerveja comigo e trocamos endereços electrónicos, enquanto discutimos que língua utilizar. A sexta é o dia da mala, da mochila, do trolley.
Je rentre tout les weekends.
Pudera, é fácil. Comboio, autocarro ou até avião. Um par de horas depois e está feito.

É assim que eu sinto o coração da Europa. Uma miríade de culturas, personalidades, costumes, que se encontram nestas encruzilhadas de curta duração mas terrivelmente easygoing, onde a palavra de ordem é a mentalidade aberta.