quinta-feira, agosto 31, 2006

O cansaço luta com a habituação e perde. Alguns dias a deitar mais tarde e o corpo adapta-se e passa a esperar pela hora tardia até se deixar cair nos braços de Morfeus. Nem precisam ser muitos. Bastam dois ou três. Às vezes até apenas um.

Não vale a pena lutar, apagar a luz e enterrar a cabeça na almofada. Não vale a pena procurar aquela posição que costuma abrir o caminho até ao mundo dos sonhos. Tão depressa não aparecerá.

Levanto-me. A lâmpada de néon do candeeiro da mesa-de-cabeceira demora alguns segundos até atingir a incandescência cruzeiro; precisa aquecer primeiro. Semicerro os olhos, as pupilas nunca estão preparadas.

Demasiado sonolento para poder passear-me pelas páginas de um livro, não tenho outra alternativa senão ligar o televisor. Mas sempre com a cabeça na almofada, não vá o estado de vigília afrouxar e momentaneamente baixar as armas.

Acordo. Não me lembro de ter adormecido. Olho para o despertador. Madrugada. Muito madrugada. Na televisão, TV Shop. Querem-me vender aparelhos de ginástica para usar em casa. Meia hora por dia e vou ficar um pão.

Desligo o televisor, apago o candeeiro, viro-me para o outro lado e durmo a sono solto.