quarta-feira, setembro 06, 2006

Está perfeitamente de acordo - que se poupe e se polua menos usando meios electrónicos nas radiografias. Mas, confessa que fica chateadíssimo quando um dos seus trinta doentes diários lhe põe nas mãos um CD com as imagens. O monitor do computador não tem o mesmo charme que a espessa folha que solta um ruído quase metálico quando é empunhada na direcção da luz do candeeiro.

A loja de fotografias do centro comercial. Aquela onde revelei dezenas de rolos e onde a minha mãe esvaziou a carteira inúmeras vezes. Já não é uma loja de fotografias; ali já não se revela nada. Vendem-se telemóveis numa montra berrante. Sinais do tempo.

Deixei de pôr a revelar. Fui um dos clientes dissidentes que contribuiu decisivamente para o final das imagens em papel. Porque o custo deixa de existir (a não ser o do possível espaço do cartão), tenho muito mais CD’s cheios, gravados até à última consequência, do que álbuns que amarelecem lentamente.

Por isso, não pretendo arremessar a primeira pedra. Sou um assumido fã das máquinas digitais, daqueles que já foram confundidos com nipónicos. Na verdade, gosto dos extremos. Gosto da versatilidade e sentido prático dos modernos gadgets mas adoro ter que decidir a velocidade de obturação e a abertura do diafragma da Nikkormat pesadíssima, de fotómetro avariado, que era do meu avô.

Tenho é pena de não tomar decisões dessas com maior frequência.