sábado, outubro 21, 2006

Em todas as outras pessoas o cheiro a tabaco fica mal. É agressivo, invasivo. Chega a ser nauseabundo, repugnante.
Mas não em ti.
Passas por mim e eu inspiro o odor áspero que o teu corpo e a tua roupa exalam. Prolonga-se alguns instantes, fica no ar, lembra-me a cauda de um cometa.

Às outras pessoas, a nicotina e o condensado dão aquela textura doente e escura ao corpo desengonçado, amarelecem a pele.
Mas não a ti.
A tua cor, o brilho. A tua cintura. Adoro a forma como te moves. Quando te sentas e resolves soltar o cabelo fino e ligeiramente ondulado.

Às outras pessoas, quando têm um cigarro entre os dedos e o colocam na boca, vejo uma fraqueza, uma necessidade
Mas não em ti.
Mesmo quando corres para o corredor para afogar o vício, todos os teus gestos são manifestações de elegância. A tua mão não faz sentido sem o pequeno cilindro aprisionado entre os dedos.

Às outras pessoas, conscienciosamente, aconselharia que deixassem de fumar por todos motivos de saúde sobejamente conhecidos.

Mas não a ti.